Cinira de Brito, de 44 anos, foi morta a facadas dentro de casa, onde crime eleva estatísticas da violência contra mulheres no Estado
A professora Cinira de Brito, de 44 anos, foi brutalmente assassinada pelo próprio marido, Anderson Aparecido de Olanda, de 41 anos, na tarde desta quinta-feira (31), em Ribas do Rio Pardo, município a cerca de 98 quilômetros de Campo Grande. O crime chocou a população local e elevou para 20 o número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul somente em 2025, conforme levantamento da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS).
Segundo a Polícia Militar, o feminicídio teria sido motivado por ciúmes, e Cinira foi atacada com duas facadas na perna e três no abdômen, dentro da própria casa. Após o crime, Anderson tentou tirar a própria vida e foi encontrado com vida no local, sendo socorrido pelo SAMU e encaminhado em vaga zero para Campo Grande. No entanto, ele morreu antes de chegar à Capital, devido à gravidade dos ferimentos.
A tragédia que encerra o mês de julho reforça a preocupante escalada da violência de gênero no Estado. De acordo com dados oficiais, os 20 feminicídios registrados em 2025 já superam os 12 ocorridos no mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2024, Mato Grosso do Sul contabilizou 35 feminicídios.
A maioria dos feminicídios em MS neste ano tem características comuns: são praticados por companheiros ou ex-companheiros, geralmente com armas brancas (como facas e foices), armas de fogo ou até com uso de força física extrema, como espancamentos e enforcamentos. Em alguns casos, os crimes ocorreram na frente dos filhos, e os agressores tinham histórico de violência doméstica, ameaças e passagens pela polícia.
Cinira agora entra para essa triste estatística, deixando familiares, alunos e colegas de profissão em luto. Cinira de Brito foi a 20ª vítima de feminicídio em MS neste ano. Os casos anteriores envolvem histórias igualmente chocantes, como o duplo assassinato de Vanessa Eugênia Medeiros e sua filha de 10 meses, queimadas vivas pelo pai da criança, e o caso de Eliane Guanes, que teve o corpo incendiado pelo agressor em uma fazenda no Pantanal.
Outros feminicídios ocorreram em municípios como Dourados, Água Clara, Sidrolândia, Glória de Dourados, Naviraí e Costa Rica, revelando que a violência atinge todas as regiões do estado, em áreas urbanas e rurais.
Feminicídio é crime tipificado no artigo 121, § 2º, VI, do Código Penal Brasileiro, e refere-se ao assassinato de mulheres motivado por violência doméstica ou menosprezo à condição de mulher. A pena varia de 12 a 30 anos de reclusão e pode ser agravada em casos de reincidência, presença de filhos ou prática do crime na frente de menores.
Especialistas alertam que é necessário reforçar políticas públicas de proteção às mulheres, fortalecer as delegacias especializadas e garantir o cumprimento de medidas protetivas da Lei Maria da Penha, além de investir em educação e conscientização sobre relações abusivas. A morte da professora Cinira de Brito expõe, mais uma vez, a urgência de agir contra a violência de gênero em todas as esferas da sociedade.
Com informações Correio do Estado