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segunda-feira, 12 de maio, 2025

Climatologista Carlos Nobre aponta que Brasil tem potencial para reduzir emissões de CO2 a zero até 2040

O Brasil tem o potencial de reduzir a zero suas emissões de gases de efeito estufa até 2040, segundo o renomado climatologista Carlos Nobre. Durante a palestra de abertura no segundo dia da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, Nobre apresentou dados preliminares de um estudo em andamento que aponta o país como capaz de atingir essa meta.

Para alcançar esse objetivo, o cientista enfatizou a necessidade de uma transformação radical em diversas áreas. Entre as ações necessárias estão a transição para uma matriz energética 100% limpa, a implementação de uma agricultura neutra em carbono, o uso sustentável da terra, além de um grande esforço em restauração de biomas. Nobre destacou que, até 2040, o Brasil poderia remover até 600 milhões de toneladas de CO2 por ano com a restauração de seus ecossistemas.

“Nosso estudo aponta que podemos restaurar os biomas e reduzir significativamente a emissão de gases de efeito estufa, criando uma nova realidade energética e ambiental”, afirmou. O cientista também sublinhou os benefícios dessas mudanças, que, além de mitigar a crise climática, poderiam melhorar a qualidade de vida das populações, especialmente nas cidades, onde a poluição do ar causa milhões de mortes anuais.

Em 2022, o Brasil era o quinto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, com uma média de 11 toneladas de CO2 por pessoa anualmente. Em comparação, países como China (10,5 toneladas), Índia (2 toneladas) e Estados Unidos (16,5 toneladas) também têm grandes emissões, mas o Brasil se destaca pela sua grande biodiversidade e os impactos ambientais causados pela degradação florestal e uso intensivo de combustíveis fósseis.

Apesar de avanços nas políticas de restauração e combate ao desmatamento, como a meta de zerar o desmatamento até 2030 e a restauração de 12 milhões de hectares, o cientista alertou que, sem medidas mais ousadas, o Brasil continuará emitindo 1,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente anualmente, devido ao uso de energia fóssil e práticas agropecuárias de alto impacto.

Consequências catastróficas do aquecimento global

Carlos Nobre também abordou as consequências dramáticas do aquecimento global, alertando sobre o risco de um aumento de temperatura global superior a 2°C, o que resultaria em consequências irreversíveis para a biodiversidade e o clima mundial. Entre os impactos mais graves estão o desaparecimento de 99% das espécies, o branqueamento de corais e o descongelamento de áreas com grandes reservas de metano e CO2, que poderiam agravar ainda mais a crise climática.

“Se a temperatura global ultrapassar 2 graus Celsius, o mundo enfrentará uma liberação de mais de 200 bilhões de toneladas de metano e CO2, gases de efeito estufa extremamente poderosos”, explicou.

A crise da Amazônia

Outro ponto crítico destacado por Nobre é a crescente ameaça à Amazônia, que está se aproximando de um ponto de não retorno devido à intensificação das secas e ao desmatamento. O climatologista alertou que a região sul da Amazônia, entre os estados do Pará e Mato Grosso, já se tornou um ponto de emissão de carbono, perdendo sua função como sumidouro de CO2. Ele também mencionou que, se a Amazônia perder entre 20% e 25% de sua cobertura florestal e a temperatura global subir a 2,5ºC, o Brasil poderá perder até 70% da floresta, resultando em um ecossistema degradado e menos biodiverso.

“Sem uma ação imediata, a Amazônia pode virar uma savana tropical degradada, com consequências drásticas para o clima e a biodiversidade”, alertou.

Riscos para outros biomas e saúde humana

Nobre também ressaltou que o Cerrado e a Caatinga estão próximos de atingir um ponto de não retorno, o que pode resultar em ondas de calor mais intensas e um aumento no número de extremos climáticos. O desequilíbrio ambiental, segundo o cientista, também aumenta o risco de pandemias, uma vez que o rompimento de ecossistemas pode facilitar o surgimento de novas doenças.

Caminhos para um futuro sustentável

Em sua palestra, o climatologista propôs uma agenda de adaptação para as cidades, que devem se preparar para os desafios de mitigar as desigualdades socioeconômicas e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. O cientista ressaltou a importância de políticas públicas integradas que envolvam todos os setores da sociedade na busca por soluções para os problemas ambientais e sociais.

O estudo que Nobre apresentou é um dos mais abrangentes sobre as possíveis soluções para a crise climática no Brasil e no mundo, oferecendo um vislumbre de um futuro mais verde e sustentável, caso o país adote políticas mais agressivas de preservação ambiental e transição energética.

Com informações Agência Brasil

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