Geral – 08/11/2012 – 16:11
A comerciária Gisele Silva Brandão, 22 anos, comprou a sua primeira motocicleta logo que fez 18 anos e não abandonou mais o veículo. A jovem conta que optou por comprar a moto por considerá-la prática e econômico. “Assim, não fico dependendo de ônibus para ir trabalhar, para sair”.
Gisele já, inclusive, pensou na possibilidade de trabalhar como motoentregadora. Desistiu, pois achou que seria um trabalho muito arriscado.
Isso porque a moça já sentiu na pele as consequências de enfrentar o trânsito de Campo Grande sob duas rodas. Ela já sofreu três acidentes e na última vez teve um sequela grave. “Eu fiquei dois meses internada com um coagulo na cabeça e perdi a audição do lado direito”, comenta, sobre os riscos sob duas rodas.
A vendedora Raquel Saraiva, 26, também decidiu comprar uma motocicleta, quando descobriu que economizaria tempo e dinheiro. “Ninguém gosta de pegar ônibus e decidi comprar a moto para mim, quando vi que teria condição de pagar um financiamento”.
Autoescola
O aumento de mulheres à procura da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para conduzir motocicletas é sentido também nas autoescolas. David de Lima Froes, proprietário do Centro de Formação de Condutores Grande Prêmio, afirma que metade dos alunos dele são mulheres e entre elas, quase 90% opta por tirar a carteira das categorias AB, para conduzir carro e moto. “Só quem não quer tirar a de moto são as mulheres mais velhas ou que tem muito medo mesmo”, constata.
Ele afirma que a maior parte das alunas, depois de ter a carteira opta por comprar um motocicleta mesmo. “Mais por causa do consumo que é baixo da moto. Mas, elas são corajosas, porque para enfrentar esse nosso trânsito de moto tem de ter coragem”, afirma.
Apenas 1,4% dos 826 mototaxistas de Campo Grande são do sexo feminino
Não só pela praticidade do meio de transporte, ainda que poucas, as mulheres estão tirando a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para conduzir motocicletas por vislumbrar o veículo como um meio de trabalho. Dos 826 mototaxistas de Campo Grande, 12 são mulheres.
O presidente do Sindicato dos Mototaxistas de Campo Grande, Durvair Caburé constata que há pouco tempo mulheres passaram a trabalhar como mototaxistas, mas que o quadro está mudando. “É mais o preconceito mesmo, de que mototaxista é uma profissão masculina, muito pesada para a mulher. Só que as coisas estão mudando. Hoje tem mulher dirigindo carreta, trabalhando na construção civil, de taxista e um monte de outras coisas que antes eram só homens”.
Ele afirma que alguns passageiros frequentes preferem, inclusive, ser transportados pelas mototaxistas. “Tem gente que se sente mais seguro, porque todos sabem que o índice de acidente com as mulheres é menor”.
Fonte: Correio do Estado