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terça-feira, 20 de maio, 2025

Como adaptar seus hábitos financeiros a uma mudança salarial

Geral – 05/11/2012 – 10:11

Poucas pessoas passam a vida toda recebendo o mesmo salário. As coisas mudam — você consegue um novo emprego, se casa, se divorcia, é demitido — e quando isso acontece você precisa reavaliar seus gastos. Aqui vão algumas dicas para fazer isso sem desespero.

Todos estamos propensos a mudanças na situação financeira, e lidar com elas — as negativas e as positivas — significa tanto reconhecê-las de um ponto de vista psicológico, quanto adaptar seu orçamento. Para te ajudar a controlar essas mudanças, conversei com o autor e especialista em finanças Ramit Sethi, do livro I Will Teach You To Be Rich, e com o especialista em pagamento de débito Rod Ebrahimi, CEO da ReadyForZero.

Como se ajustar ao aumento do seu salário

Acostumar-se a ter mais dinheiro é um “problema” legal, mas não quer dizer que seja fácil. Na verdade, quando as pessoas recebem uma grande quantidade de dinheiro, a reação mais comum é exagerar e sair gastando tudo. Isso não quer dizer que você não deveria gastar mais, mas sim incorporar este hábito à sua vida de forma estruturada.

Primeiro passo: adapte-se à sua nova perspectiva sem torrar sua grana 

Você recebeu um aumento, ou teve acesso a uma quantidade enorme de dinheiro. Isso é ótimo, mas não comece a gastar ainda. Ebrahimi recomenda que você pare por um momento, e tenha certeza de que está solidificando seu futuro antes de sair comprando um Jaguar:

Talvez o mais importante seja: não passe a ter um estilo de vida mais custoso só porque irá receber mais. Se você o fizer, corre o risco de cair na esteira hedonista, e pode perder a grande oportunidade de solidificar sua segurança financeira no futuro.

Isto posto, você ainda pode ser prático e gastar seu dinheiro novo. Na verdade, é quase uma necessidade. Se você se segurar muito, pode ostentar no futuro, quando não estiver preparado. Sethi explica:Muitos especialistas dirão “pegue cada real que você ganha e coloque no banco”. Isso não é prático. A esteira hedonista existe: se você ganha mais, é certo gastar mais. Garanta que você estará realizando seus objetivos no futuro, mas é isso. Se você tentar se abnegar dos novos gastos, estará propenso a explodir mais tarde. Pegue uma porcentagem do que ganha, gaste sem culpa e aproveite.

Como a maioria das coisas na vida, equilíbrio é a palavra chave. Quando você receber uma herança inesperada, tome um tempo para pensar no seu futuro financeiro, mas não negue algumas recompensas por seu trabalho árduo.

Segundo passo: crie um fundo de emergência

Com mais dinheiro nas mãos, é fácil de começar a finalmente pagar contas e dívidas antigas, mas é fundamental para sua segurança financeira se preparar para o futuro. Por causa disso, Ebrahimi recomenda que você crie um fundo de emergência antes de começar a gastar com outras coisas:Primeiro de tudo, você precisa criar um fundo emergencial para cobrir pelo menos três meses de despesas, mas o ideal seria seis. Isso quer dizer que se você ficar sem renda de três a seis meses, você consegue ainda assim cobrir seus custos. Esse dinheiro não pode ser usado a menos que você perca o emprego, tenha problemas de saúde, com o carro, etc.

Sua tendência natural é começar a pagar as contas imediatamente, mas Ebrahimi mostra que você não tem como saber como será seu futuro financeiro. Quando você se prepara primeiro para o amanhã, você terá calma para cobrir as dívidas do presente.

Terceiro passo: comece pagando as dívidas de juros mais altos

Sethi é um grande defensor da automação de finanças, assim você automaticamente guarda dinheiro, prepara seu orçamento e tudo mais. Seu sistema é incrivelmente simples, e funciona sobre uma base percentual. Por exemplo, vamos dizer que você coloque 5% de sua renda no pagamento de um cartão de crédito. Com seu emprego antigo, isso seria R$ 100 por mês, mas depois do aumento recebido, o valor será maior. A parte boa é que quando você consegue um emprego que paga melhor, você simplesmente mantém o sistema de porcentagem e, automaticamente, aplica mais dinheiro a essas dívidas.

Mas talvez você esteja adiando o pagamento de vários empréstimos. Neste caso, é melhor pagar os que possuem juros mais altos primeiro. Ebrahimi explica:Pague qualquer dívida que tiver começando pelas de maiores juros. Isso facilita suas finanças mensais a longo prazo (afinal você não pagará mais juros) e te dá uma liberdade financeira para que você não precise fazer decisões futuras baseadas na necessidade de continuar pagando seus credores.

Se você já automatizou suas finanças, você deve se dedicar mais às de juros mais altos. Se você ainda não começou, faça-o, e deixe a mágica da automação mostrar que você terá mais dinheiro no futuro.

Como se adaptar quando sua renda diminuir

Quando sua renda baixa — seja por conta de uma demissão, ou porque você aceitou um emprego que paga menos, ou o que for — é fácil se sentir preso em uma rotina e não poder fazer nada para mudá-la. Para deixar esta sensação de lado, você precisa manter o pensamento positivo, lentamente alterar suas previsões financeiras e garantir que continuará dedicando uma quantia à quitação de dívidas.

Primeiro passo: ajuste suas perspectivas e mantenha a cabeça erguida

Quando sua renda diminui, é bem mais difícil se adaptar às mudanças do que quando ela aumenta. Mas não é impossível. Quando você ganha menos, é importante não agir precipitadamente, e ajustar sua perspectiva de ganho para que ela coincida com sua nova situação financeira. Isso tudo começa dentro da sua cabeça. Ebrahini explica:Este processo será difícil, e você precisará ajustar sua mentalidade para um novo padrão de vida (temporário, pelo menos). Manter-se positivo e proativo vai ajudar bastante durante esta transição.Mude seus hábitos para igualar seus gastos à sua nova (e mais baixa) renda. Isso requer um novo comportamento, como levar marmita para o trabalho, comprar roupas de brechó ou aproveitar as liquidações, etc.A parte da marmita é fácil, e não importa o seu talento dentro de uma cozinha: várias receitas são simples para qualquer pessoa. Já comprar é brechó é uma questão de saber quando e onde fazê-lo. Se você rodar por bairros mais chiques, você encontrará coisas maravilhosas, e fazer isso durante a Primavera te ajuda a poupar ainda mais. Se você ainda tem preconceito com brechós, é bom deixar esse sentimento de lado para guardar mais dinheiro.

Como Sethi mostra, o problema principal em perder uma fonte de renda é o social. Amigos e parentes ainda querem que você saia e se divirta com eles, mesmo que você não consiga pagar por isso. Sethi tem uma solução bem simples:

Você tem que criar uma frase que te traga conforto. As pessoas não gostam de dizer que “não podem pagar por isso”, porque é quase como admitir uma fraqueza de sua parte. Uma coisa que eu digo nos meus livros é que você precisa fazer um plano, e aí culpar esse plano. Então “eu adoraria ir, mas meu plano de gastos deste mês não permite que eu vá”. Deste modo, eles não podem te culpar — você está jogando a culpa no plano.

Infelizmente, é tudo o que você pode fazer para ajustar seu ponto de vista, mas você também pode fazer algumas coisinhas da sua posição financeira para tornar o processo mais leve.

Segundo passo: simplifique seu orçamento e corte despesas recorrentes

Primeiro de tudo, é hora de simplificar as coisas o quanto for possível. Parte disse é afinar seu cérebro para que ele não continue querendo as mesmas coisas que você costumava comprar, mas também se livrar das despesas recorrentes e desnecessárias. Ebrahim faz algumas sugestões:A primeira coisa que você deve fazer é simplificar seu orçamento. Comece identificando despesas que possam ser reduzidas ou cortadas totalmente, especialmente aquelas altas que chegam todo mês. Por exemplo, tente se livrar do pagamento de parcelas de um carro comprando um mais barato de segunda mão, ou passando a usar o transporte público.

Mas você não precisa passar por esse sacrifício. Pelo contrário, adapte-se ao novo modo de vida aos poucos, reconhecendo que será uma mudança temporária. Sethi explica por que:As pessoas tendem a agir de forma imediatista e saem cortando tudo o que vêem pela frente. Isso, claro, é como ignorar totalmente o nosso comportamento. Nós somos o que chamamos de avarentos cognitivos. Nós temos uma percepção e uma força de vontade limitadas. Então, se você tentar cortar todas as despesas — dos R$0,50 que paga num café até a hipoteca da casa — isso vai se tornar um grande problema.Olhe para as duas maiores despesas — para os jovens, são geralmente comer fora e bebidas — e diga “como posso diminuí-las?”. Para muitos de meus leitores, esta é uma forma de cortar 30% das despesas em seis meses. Muitas pessoas diriam “pare totalmente!”, mas isso é como dizer que você está 100kg acima do peso e que vai comer só 800 calorias por dia. Você sabe que não vai durar.

Parte desse processo é também reduzir as contas do mês. A boa notícia? Diminuir contas geralmente não leva mais do que uma ligação telefônica, e você pode baixar cada uma delas fazendo pouco esforço. Outro jeito ótimo de cortar essas despesas mensais é cancelar a tv a cabo. Passe a assistir programas pela internet, ou invista em um top box (como Apple TV) que seja perfeito para a sua necessidade.

Avalie cada pagamento mensal que você faz e corte onde puder. Trabalha em um lugar com Wi-Fi? Considere diminuir seu plano de dados no telefone, ou compre um modelo simples e invista no pacote de mensagens. Você vai se surpreender com quanto consegue poupar em um mês. É uma coisa boa a se fazer mesmo que você não esteja passando por uma época de vacas magras. 

Terceiro passo: automatize suas contas e poupanças

Novamente, automatizar suas finanças é o canal. Na verdade, é mais útil automatizar os pagamentos quando você tem menos dinheiro, porque te dá a visão geral de quanto tem assim que as contas são pagas. Isso é bom porque, como Sethi nos mostra, nenhum de nós vai perder tempo refazendo o orçamento.Todo livro de finanças pessoais começa dizendo “vamos calcular quanto você está gastando”. Aí as pessoas fecham o livro e o colocam de volta na prateleira. Na verdade, você pode começar a automatizar e aí sim descobrir onde está gastando. Achar que um dia você irá sentar e abrir seu caderno de despesas para calcular onde seu dinheiro está indo é um mito.

Claro, isso não quer dizer que você não deva ter noção do que anda pagando. Alguns serviços de finanças pessoais, como o Mint fazem este processo de analisar gastos de forma incrivelmente fácil.

E só porque você está ganhando menos, isso não quer dizer que você não pode poupar. Ao invés de se preocupar com a exatidão do seu orçamento, Sethi sugere que você simplesmente realoque os fundos dentro do seu sistema automático:Se o dinheiro diminui, não quer dizer que você precisa sair de facão na mão cortando tudo. Isso quer dizer que você precisa realocar as coisas no seu sistema. Há muitos estudos em livros de psicologia e finanças pessoais que dizem que se você automaticamente guardar seu dinheiro ou investí-lo, você não vai sentir falta dele. Não digo que é para você botar R$ 2 mil de uma vez na poupança, todo mês. Se você puser R$ 20, você pode ir subindo a quantia para R$ 50, R$ 100 com o tempo. A dica é automatizar essa transferência antes mesmo de contar com esse dinheiro.

No fim, é só trabalhar com o que você tem, usando o mesmo sistema de antes. O rendimento não será o mesmo, mas você se sentirá seguro caso as coisas piorem.

Quarto passo: reavalie suas contas e pertences

Às vezes, nem a ginástica mental de refazer o orçamento consegue cobrir o que você gasta por mês. Ainda bem que existem as revendas, e Ebrahimi sugere como usá-las:

Se for necessário, você pode considerar vender suas coisas para gerar um fundo de emergência. Você vai se surpreender com quanto dinheiro pode recompensar ao vender livros antigos, roupas, joias e eletrodomésticos que não usa mais. Se você possui uma casa com um quarto extra, pode usá-lo para serviços de hospedagem como AirBnB ou alugá-lo nos finais de semana.

Vender suas coisas online é muito fácil. Existem muitos sites do tipo, como Mercado Livre, OLX, entre outros.

Quinto passo: aumente sua renda extra

Por fim, é hora de colocar a coisa nos trilhos e fazer mais dinheiro. Tanto Sethi quanto Ebrahimi sugerem encontrar trabalhos extras para gerar mais renda. Por quê? Porque, como Sethi diz, o  principal é “focar em ganhar mais”. Parece simples, mas é importante colocar na cabeça que você perdeu uma quantia significativa de renda.

Não é tão difícil quanto parece encontrar trabalhos extras. Você pode tanto fazer de casa alguma coisa que tenha facilidade (traduções, revisões, programação, o que não for tomar muito tempo nem requerir tanto esforço), participar de Focus Groups, etc. Você também pode ganhar dinheiro fazendo coisas aleatórias durante a sua folga.

Se você tem um talento que pode ser feito como freelancer, não é preciso abandonar seu trabalho para começar. É só ter uma boa base de quanto cobrar pelos seus serviços.

Fonte: Do Uol

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