Política – 29/10/2012 – 16:10
“Patinamos uma semana discutindo um assunto que não era da nossa campanha, que foi o chamado kit-gay, que virou personagem da campanha. Isso não era uma estratégia nossa. Uma coisa que veio de fora e ocupou o debate da cidade”, disse.
Na primeira semana após o primeiro turno, o pastor evangélico Silas Malafaia, que apoiava Serra, deu início às polêmicas envolvendo o kit anti-homofobia.
O pastor atacou o que ficou conhecido como “kit-gay” do MEC, idealizado quando Haddad estava à frente da pasta, em 2011. O material não chegou a ser distribuído porque foi barrado pela presidente Dilma Rousseff após pressão das bancadas católica e evangélica do Congresso Nacional.
O debate se voltou para Serra quando a imprensa divulgou que o tucano distribuiu aos professores material de conteúdo semelhante quando era governador, em 2009 –ele negou a semelhança e fez críticas ao material do MEC.
Haddad, então, declarou que a discussão fomentava a “intolerância”, mas os dois candidatos evitaram se posicionar claramente sobre o tema durante a troca de ataques.
Segundo Aparecido, o tempo perdido com o kit-gay poderia ter sido usado para discutir a ampliação do Bilhete Único de três para seis horas –proposta por Serra na última semana– e a intenção do PT de, segundo os tucanos, acabar com as parcerias entre as OSs (Organizações Sociais) e os hospitais públicos.
“Deixamos de discutir esses dois assuntos que, na reta final, fizeram inclusive a gente recuperar [votos]. A população entendeu a proposta do Serra sobre o Bilhete Único e o perigo de o PT acabar com as organizações sociais. Então a gente voltou a crescer, e ele [Haddad] começou a cair. Só que não deu tempo de fazer a curva novamente”, disse Aparecido.
O deputado também afirmou que a campanha tucana não conseguiu convencer a população de que Serra cumpriria o mandato até o fim –e não deixaria o cargo para concorrer ao governo do Estado, como aconteceu em 2006, um ano e três meses após assumir a prefeitura.
“Nòs não conseguimos explicar para a população que, quando o Serra saiu da prefeitura, ele saiu para ser governador do Estado e que, como governador, fez muito pela cidade. O PT conseguiu passar para a população que o Serra tinha saído da prefeitura para ser candidato a presidente. Na rua, as pessoas falavam isso: ‘você saiu para ser candidato a presidente’. E não era isso”, disse.
Militância e Kassab
Para o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), faltou “luta política”.
“Eu acho que talvez tenha faltado luta política. Teve uma guerra política e precisamos reconhecer que perdemos. Nós lutamos muito. Mas agora não é hora de fazer auto-crítica, porque saio da eleição com orgulho de ser companheiro do José Serra”, disse.
O coordenador Aparecido ainda minimizou o impacto que o apoio do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD) –cuja gestão é considerada ruim ou péssima por mais 40% dos eleitores, segundo o Instituto Datafolha–, causou na campanha tucana.
“A gente não conseguiu passar para a cidade o que a administração fez. Isso foi um problema, porque a administração fez muita coisa: as favelas que viraram bairros, o sistema de saúde das AMAs, o sistema educacional do município”, disse.
Fonte: Do Uol


