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domingo, 4 de maio, 2025

ISI Biomassa transforma fumaça de chaminés para colocar indústria no rumo da sustentabilidade

É fato que o consumidor moderno é bastante preocupado com todas as etapas de fabricação de um produto e a sua relação equilibrada – e sustentável – com o meio ambiente.

Diante das mudanças, a indústria precisou repensar a produção e fazer, da ciência, aliada desta transformação. Nesse sentido, o Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), de Três Lagoas (MS), tornou centrais, projetos de descarbonização.

Experimentos conduzidos pelo ISI Biomassa buscam maneiras de “descarbonizar” fumaça

A imagem da chaminé soltando fumaça marcou a indústria durante muitos anos. Hoje, no entanto, ela não ilustra mais uma realidade. Quem acompanha o trabalho minucioso e complexo desenvolvido nos laboratórios do ISI Biomassa pode até não entender como cada um dos experimentos pode revolucionar diferentes fases da produção industrial e reduzir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera.

O gerente do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, garante tecnologia para alcançar os mais diversos setores da indústria. “A siderurgia, por exemplo, tem bastante emissão e ainda não têm como mitigar. Utilizam bastante combustíveis sólidos. Também o setor de mineração, que tem buscado muitas tecnologias, principalmente de captura de CO², além da indústria de cimento, que também tem bastante emissão”, explicou.

De acordo com a coordenadora de pesquisa industrial do Instituto, Laíssa Okamura, atualmente o ISI Biomassa conduz mais de 15 projetos com parceiros, além dos que estão em processo de negociação. Todos estão voltados para áreas como bioeconomia, descarbonização e economia circular.

“Trabalhamos focados na transformação da biomassa. Então, de qualquer forma, as pesquisas são voltadas para o processo de descarbonização industrial, seja trocando um derivado fóssil pela biomassa ou por derivados de biomassa, ou seja, através da ruptura, conversão e armazenamento direto dos gases gerados durante processos de combustão e emissão”, detalhou.

Ciência revela caminhos para soluções presentes na própria natureza

Especialidade do ISI de Três Lagoas, o uso da biomassa adquire papel de protagonismo na transição energética da indústria. De acordo com o pesquisador Willian Pereira Gomes, a matéria orgânica pode vir de diferentes fontes, como agroindustrial, industrial, resíduos de plantações, entre outros. Em termos práticos, podem se tratar de restos de madeira, cana-de- açúcar, alimentos e eucalipto, geralmente descartados durante no processo de fabricação de produtos.

Nas mãos dos pesquisadores, eles podem se tornar elementos altamente potentes. No projeto DeCarbon, um dos executados pelo instituto, há a conversão de duas biomassas muito conhecidas, o bagaço de cana-de-açúcar e casca de coco verde, em material capaz de capturar o CO2.

“Ou seja, essa biomassa, que inicialmente era um resíduo, passa a ser um material de alta tecnologia que será utilizado no processo de descarbonização da indústria, seja sementeira, indústria cerâmica, indústria metalúrgica, siderúrgica e assim por diante”, destacou.

Neste projeto, o objetivo é a produção e ativação de um biocarvão para aplicação em um sistema de captação de CO2, almejando a redução de emissões de gases efeito estufa. O material poderá, por exemplo, ser utilizado como filtro de geladeira ou ar-condicionado.

A possibilidade de captura dos gases permite a reutilização. Sendo assim, parte deles podem ser reintroduzidos na atmosfera em formas menos prejudiciais ao meio ambiente, gerando materiais duráveis, como carbonatos, concreto e polímeros.

A captura de carbono também é uma das etapas do projeto desenvolvido pela pesquisadora Vivian Vazquez Thyssen. Com a utilização de tecnologias CCUS, cuja sigla traduzida do inglês para o português significa a captura, utilização e armazenamento de gases do efeito estufa, o leque de possibilidade de transformação de carbono e metano se amplia. “Desta forma, os gases não serão emitidos na atmosfera e podem ser utilizados para outros fins”, explica.

No projeto Tupã, os gases capturados servem a produção de um combustível limpo. A tecnologia pode ser uma alternativa efetiva para atividades econômicas como a produção de petróleo e gás.

A conversão dos gases para os renováveis acontece utilizando uma tecnologia que funciona a base de energias limpas, como a solar e a eólica, permitindo a criação de combustíveis e produtos químicos e, portanto, a substituição de produtos derivados de fontes não renováveis. Desta forma, reduz a pressão sobre os recursos finitos e se alcança a independência do petróleo e seus derivados.

“Podemos trocar o diesel por um diesel verde, por exemplo, que pode ser utilizado na logística de uma indústria. Há uma gama de combustíveis que podemos utilizar a partir dos gases do efeito estufa. É um processo que já é conhecido, mas que ainda precisa de estudos como este para ser implementado na indústria”, ressaltou a pesquisadora.

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