Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública, pontuam especialistas em saúde.
MIDIAMAX – Já tomou quando era criança? A vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) protege contra a tuberculose e sua implementação no sistema de saúde brasileiro foi imprescindível para erradicar a doença no país. Não é à toa que o imunizante conta com o seu próprio Dia da Vacina BCG, celebrado neste sábado (1º). Uma vez que Mato Grosso do Sul atingiu 58,41% da população vacinada em 2023 até o momento, profissionais de saúde reforçam a necessidade de tomar as doses da vacina. Afinal, a tuberculose ainda pode ocasionar óbitos.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença afeta prioritariamente os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos e sistemas. Os casos de tuberculose extrapulmonar ocorrem mais frequentemente em pessoas diagnosticadas com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico. Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública.
“A tuberculose é uma doença infectocontagiosa de disseminação por via aérea. Onde temos aglomerados de pessoas a incidência é maior, bem como moradias insalubres, sistema prisional, asilos e comunidades fechadas. Um fator importante é a questão econômica. Onde temos baixa renda aumenta o risco, como acampamentos de refugiados. A tuberculose foi e continua sendo uma companheira da humanidade em suas agruras”, explica a médica pneumologista Ana Maria Campos Marques (CRM 2754-MS).
Importância da vacinação
O método mais eficaz, então, de evitar a tuberculose é a vacina BCG, primeiramente ministrada na infância. Segundo a pneumologista, a vacina protege das formas graves da tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar. Além disso, é a primeira vacina a ser aplicada na vida de uma criança, normalmente nos primeiros dias de vida até no máximo os 4 anos de idade.
“Até o início da vacinação BCG, a incidência da tuberculose era muito alta acompanhada de alta mortalidade, principalmente na primeira infância, onde ocorrem as formas graves da doença. Apesar de hoje contarmos com diagnósticos precisos, medicamentos eficazes para o tratamento que cura mais de 95% dos casos, além de todo o processo ser gratuito ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ainda se morre de tuberculose, e ainda temos incidência alta de tuberculose no país”, explica a médica.
Vacinação em Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul, por exemplo, registrou 107 mortes ocasionadas por tuberculose em 2022, sendo 56 pessoas acima de 50 anos e 51 óbitos de pessoas entre 15 e 49 anos de idade. No mesmo período, 374 pacientes, na faixa etária de 6 a 12 meses, ficaram em tratamento, conforme dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
A coordenadora estadual de vigilância epidemiológica, Ana Paula Rezende Goldfinger, ressaltou que o esquema de vacinação é dose única e deve ser ofertada o mais precocemente possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade. “A cobertura preconizada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) para a vacina BCG é de 90%. Mato Grosso do Sul teve a cobertura em 2022 de 84,13%, portanto não alcançou a meta preconizada. E 2023 apresenta a cobertura de 58,41%”, disse a especialista referente aos dados obtidos até 26 de junho de 2023.
É importante lembrar que o laboratório da FAP (Fundação Ataulpho de Paiva) – o único com permissão para fabricar a vacina contra tuberculose no Brasil – foi interditado em 2022, o que impactou na quantidade de doses repassadas pelo Ministério da Saúde aos Estados, sobretudo Mato Grosso do Sul. Apesar da preocupação gerada no ano passado, não houve risco de desabastecimento. Agora, em 2023, a SES-MS voltou a atualizar sobre o caso e pontua que não faltaram vacinas, apenas foi realizada a otimização.
Estoques foram otimizados
Ainda conforme Goldfinger, devido à interdição do laboratório em 2022, os estoques foram otimizados e os estados brasileiros passaram a receber em torno de 30% a menos da quantidade de vacinas. Porém, não houve falta, mas sim otimização. “Não houve falta porque sempre tivemos muita perda técnica da vacina BCG, justamente pela alta frascagem de 20 doses, por isso muitas vezes é necessário agendamento, em especial no caso de municípios pequenos, com menos de 10 crianças nascidas semanalmente. Essa é a peculiaridade da grande maioria dos municípios do Estado”, ressalta a coordenadora.
Mato Grosso do Sul recebeu 303.640 mil doses da vacina BCG em 2022 e, no mesmo ano, 40.101 crianças nascidas vivas tomaram a dose. “Segundo os dados acima fica claro que não temos falta do imunizante e sim o uso racional quando necessário”.


