Geral – 24/05/2012 – 15:05
As 199 pessoas com quadro de esquizofrenia, assistidas pelo Centro de Atendimento Psicossocial, recebem cuidados que vão além do atendimento médico
O Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS II) de Três Lagoas atende 199 pessoas com quadro de esquizofrenia, que não recebem apenas atendimento médico e medicamentos, mas também desenvolvem trabalhos artísticos e participam de projetos de interação social.
O artesanato, que inclui pintura (em tecidos e telas), crochê e confecção de caixinhas de MDF (material derivado da madeira) é o destaque dos trabalhos desenvolvidos com os usuários (termo designado para as pessoas que “usam” os serviços do CAPS, resolvido em convenção), explica a coordenadora do CAPS II de Três Lagoas, Luciana Assi de Lima. “O artesanato é o que mais agrada os usuários. Eles participam de modo voluntário, não podemos e nem obrigamos nenhum deles a realizar estas atividades”, salienta.
De acordo com a coordenadora, este trabalho é encabeçado pelo terapeuta ocupacional, Élcio Alteris dos Santos, e há intenção de futuramente expor os trabalhos desenvolvidos e transformá-los em renda.
Esporte e lazer também são desenvolvidos no local, além de atividades como caminhada na lagoa, relaxamento muscular, consciência corporal e coordenação motora. O estagiário de fisioterapia, Odair Campos é quem desenvolve estes trabalhos. “Para eles participarem sempre utilizamos de estratégias, eles precisam ter estímulos para se interessarem”, comenta Odair.
Segundo Luciana, a adesão por parte dos usuários chega a 90%. “As oficinas estão à disposição todos os dias, nos dois períodos (manhã e tarde) e eles tem participado com dedicação”, enfatiza a coordenadora.
ATENDIMENTOS
Os 199 usuários esquizofrênicos do CAPS II estão divididos em 101 homens e 98 mulheres, que recebem cuidados com alimentação, por meio de orientação nutricional que envolve reeducação alimentar, elaboração de cardápio e orientações para os profissionais que trabalham com as pessoas que utilizam os serviços. “Para conforto àqueles que frequentam o local oferecemos café da manhã, almoço e lanche da tarde. E os cuidados com a alimentação é uma de nossas preocupações”, pontua a coordenadora Luciana.
O local oferece condições de medicação assistida – aquela que é feita durante o período em que o usuário está no CAPS. “Os medicamentos são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive os de alto custo”, explica Luciana.
Mesmo com todos os cuidados no tratamento, Luciana evidencia a importância da participação da família. “O principal apoio que os portadores da doença podem ter é o apoio dos familiares, são eles que convivem e oferecem carinho, atenção e amor, ações que são fundamentais no tratamento”, completa.
A DOENÇA
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a esquizofrenia costuma se manifestar entre os 15 e 25 anos, mas não obrigatoriamente. “Os casos podem acontecer tanto antes dos 15 ou depois dos 25 anos. Estamos sujeitos à doença, ainda mais em dias como os de hoje onde a cobrança excessiva por produção, pressão psicológica e os inúmeros problemas da sociedade atingem a todos. Isso pode desencadear surtos e problemas psicológicos e psiquiátricos”, diz Luciana.
Os sintomas mais comuns são o isolamento social, descuido com a aparência, perca de percepção, alucinações e em alguns casos, quadros de agressividade e agitação. Porém, é possível, mesmo com a doença, ter uma vida social normal. “A doença, em alguns casos, não impede a pessoa de ter uma vida normal, com uso de medicamentos. Já os quadros mais sérios (que podem prejudicar um convívio mais saudável) geralmente têm outros problemas associados, como o retardo mental, por exemplo”.
Luciana afirma ser importante que a sociedade entenda que não é porque uma pessoa tem esquizofrenia que ela não seja inteligente. “Muitos esquizofrênicos tem total autonomia, sabem dias e horários de medicamento e se viram sozinhos. O que existe são momentos de ‘fuga da realidade’”, pontua.
OUTROS TRATAMENTOS
O Caps II, além dos esquizofrênicos, atende pacientes com transtornos graves, persistentes e severos que são os casos de transtorno bipolar, depressão grave com quadro psicótico (delírios e alucinações) e também os de demanda espontânea que são pessoas que procuram sozinhas o atendimento ou as que são levadas pelos familiares (geralmente casos mais graves), quando é feito o acolhimento, que funciona como uma triagem. “Em média são realizados 20 atendimentos diários que recebem encaminhamentos de acordo com a necessidade”, detalhou Luciana.
Ao todo, 424 usuários estão cadastrados pelo CAPS, sendo 170 homens e 254 mulheres, divididos entre os programas de tratamento intensivo (aquele que se encontra em crise e precisa de cuidados diários), semi-intensivo (precisam de cuidados, mas sem necessidade diária) e não intensivo (não permanecem em crise e estão estáveis com medicamentos).
Fazem parte do quadro de atendimento e tratamento dos usuários do CAPS II, a coordenadora, Luciana Assi de Lima; os médicos psiquiatras, Márcio Luís Farinazzo e Priscila Raquel Salomão de Oliveira Neves; a psicóloga, Caroline Queiroz Dutra; o enfermeiro, Wesley Gondim Barros; a pedagoga, Lúcia Helena de Oliveira Pedroso; os assistentes sociais, Robson Alves de Almeida e Rosimeyre dos Santos; os técnicos administrativos, Ubiratan Botelho Alves e Aldizio Galvão Mariano Filho; os técnicos em enfermagem, Pedro Henrique Cangussu Sorge e Jailton Antônio Bertholdo, o terapeuta ocupacional Élcio Alteris dos Santos; as cozinheiras, Dalvina Miguel Pereira e Domecina Ferreira da Silva; a oficineira, Eliana Lopes Pedroso; e o motorista Fábio Antônio Bezerra da Silva. Além de sete estagiários de nutrição e um de fisioterapia.
O CAPS II atende de segunda-feira à sexta-feira das 7h às 18h, na Rua Zuleide Perez Tabox, 150, esquina com a Avenida Eloy Chaves, centro. Telefone: 3929-1929 e 3929-70.
Fonte: Assessoria de Comunicação / Assessoria de Comunicação


