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Três Lagoas
segunda-feira, 29 de abril, 2024

Depressão não é frescura, Setembro amarelo reforça importância de cuidar da saúde mental

“Quem comete suicídio quer matar a dor e não tirar a própria vida”. Todos os anos centenas de pessoas são vítimas de doenças mentais que podem levar ao suicídio e no mês de setembro todo o país se mobiliza pela valorização da vida realizando campanhas de prevenção ao suicídio.

O “Setembro Amarelo” é uma campanha surgida no Brasil, desde 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), com o apoio e participação ativa do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

A depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais recorrentes no mundo e os sintomas mais conhecidos desta doença são a tristeza, angustia, sensação de vazio e a redução da capacidade de sentir prazer pela vida e como evolução desta patologia, algumas pessoas desenvolvem um quadro de automutilação, outras tem pensamentos suicidas sendo que uma parte destas acaba consumando o ato.

Dados do setor de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANTS), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Três Lagoas, apontaram que entre os meses de janeiro a junho de 2021 os casos de suicídio registrados em Três Lagoas diminuíram em 50% se comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2020 foram oito suicídios registrados, sendo cinco homens e três mulheres, e neste ano foram quatro registros desta natureza, sendo três homens e uma mulher.

Além dos casos extremos, em que a pessoa atenta contra a própria vida, existem situações em que a pessoa se automutila e de acordo com a psicóloga do Caps II de Três Lagoas, Daniela Brito, isso acontece principalmente com adolescentes, mas pode ser registrada em outras faixas etárias também e os profissionais identificaram que estes fatos acontecem com pessoas que estão em sofrimento, não entendem o que é esta aflição e para se livrar dela acabam causando um ferimento para compensar a dor.

Em relação aos casos de automutilação, também foi registrada uma queda de 49% no quantitativo de ocorrências desta natureza em comparação com o ano passado. As ocorrências podem ser registradas em pessoas de diversas idades, os gráficos com os dados coletados pelo DANTS mostram a incidência em crianças a partir de 10 anos até em idosos de 79 anos.

Apesar da queda nos números de suicídio registrados e de automutilação, durante a pandemia os profissionais da psicologia identificaram que todo o sofrimento, desemprego, limitação de liberdade, perda de amigos e entes queridos, desencadeou o aumento de ansiedade, depressão, crise de pânico, transtorno de estresse pós traumático  e estes quadros merecem atenção pois se não tratados podem evoluir.

De acordo com a psicóloga Anatiele P. de Souza, a depressão pode interferir na vida social, relacionamento com a família, amigos, além de interferir nas atividades profissionais da pessoa que sofre deste distúrbio, já que desenvolve uma certa irritabilidade, tende a ter queda em seu rendimento e a querer se isolar e é nesse momento que os casos podem se agravar ainda mais, pois o individuo começa a perceber que não esta dando conta de desenvolver as suas atividades como no passado e tende a se frustrar ainda mais.   

A profissional reforça que não existe um modelo único de depressão e que cada pessoa desenvolve os sintomas de uma determinada maneira. A psicóloga conta que existem intensidades da doença e é importante identificar os sinais e procurar ajuda profissional o quanto antes já que em níveis extremos podem chegar ao suicídio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou recentemente um estudo em que apresenta a associação do suicídio a transtornos mentais, sendo que 30% dos casos tem relação com a depressão. A pessoa tem pensamentos de morte porque a não consegue enxergar uma saída para os seus problemas e encontra no suicídio uma alternativa de paz.

As pessoas que convivem com pessoas depressivas que a doença tem nove sintomas.

– Humor deprimido – a pessoa se sente muito triste e tem sentimento de vazio;

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– Interesse menor por todas ou qualquer atividade;

– Perda/ ganho de peso significativo sem estar em uma dieta;

– Insônia/ hipersonia;

– Agitação, estado psicomotor, se sentir mais lento;

– Fadiga- perda de energia quase diariamente;

– Sentimento de inutilidade e culpa excessiva;

– Diminuição da capacidade de pensar/ concentrar;

– Pensamentos de morte recorrente;

Caso a pessoa apresente pelo menos cinco destes sintomas por duas semanas ou mais, é hora de procurar a ajuda de um profissional. É importante lembrar que a depressão não deve ser vista como uma frescura, falta de Deus ou preguiça, e sim que a pessoa está doente devido a questões psicossociais ou biológicas.

A psicóloga Daniela Brito, em entrevista à Caçula FM falou que a tristeza é uma das emoções primárias que todo o individuo sente em determinados momentos e que é necessário se atentar à intensidade e a durabilidade deste sentimento para identificar se a pessoa esta ou não em um quadro de depressão.  A psicóloga alertou a população sobre a importância de emprestar o ombro e o ouvido para familiares, amigos e colegas de trabalho desabafarem em um momento de necessidade.

Daniela falou também sobre a importância de manter a qualidade de vida, investir na saúde, se alimentar e dormir bem, além de realizar atividades de lazer com frequência.

REDE DE ATENDIMENTO DA PREFEITURA

A assistente social e coordenadora do Caps II, Maria Lúcia, explicou que os moradores de Três Lagoas que precisam de atendimento psicológico podem buscar o primeiro contato em uma Unidade de Saúde da Família mais próxima da sua casa, onde passará por consulta com um terapeuta e se este identificar a necessidade de atendimento de um psicólogo ou psiquiatra irá realizar o encaminhamento.

Em Três Lagoas existe o ambulatório de saúde mental que realiza o tratamento de casos leves e moderados, o Caps II que trata os quadros mais severos e de sofrimento intensa e o Caps Ad que realiza atendimento especifico e o tratamento de usuários de drogas e álcool.

Maria reforçou que se a pessoa presenciar um caso de tentativa de suicídio, esta deve entrar em contato com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou com os bombeiros que vão realizar o primeiro atendimento e posteriormente o paciente será encaminhado para atendimento nos Caps.

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