Geral – 23/05/2012 – 08:05
Embora as datas para o início efetivo do julgamento do mensalão ainda estejam indefinidas, o foco dos veículos da indústria de comunicação vai progressivamente se fechando nele. É como o período que antecede os grandes eventos de data marcada, como o Campeonato Mundial de Futebol, as Olimpíadas, o Carnaval.
Antes escassas, as notícias ficam frequentes. O espaço a eles dedicado aumenta e enobrece. Saem os primeiros editoriais. Os comentaristas passam a tratá-los com regularidade; as colunas se enchem de notas e fofocas.
Algo assim está ocorrendo com a decisão que o Supremo Tribunal Federal vai proferir nos próximos meses.
Com mal contida expectativa, a mídia se prepara para o que parece considerar “o julgamento do século” – como ela mesma costuma designar situações e momentos que apresenta como transcendentais (o “casamento do século”, o “jogo do século”, a “luta do século” e por aí vai), mas que raramente têm o significado apregoado.
Na oposição institucionalizada, não encontramos esses sentimentos. Os principais partidos e as lideranças mais equilibradas apenas aguardam os acontecimentos, sem entusiasmo maior. Esperam algum lucro, mas desconfiam que os benefícios que poderão auferir são modestos.
Sabem que ninguém ganha, de fato, quando sobe a “taxa de desconfiança” da população em relação à política e aos políticos – desdobramento provável de uma eventual ampliação do interesse da opinião pública pelo julgamento.
Embora não temam ataques diretos, não têm certeza se conseguiriam sair incólumes de um processo cujo controle lhes escapa.
Pelo que as pesquisas sugerem, o julgamento do mensalão tem, no entanto, pequena capacidade de se tornar, para a vasta maioria da sociedade, um fato de relevância maior.
Fonte: Marcos Coimbra


