Ambos os adolescente passam por situação de vulnerabilidade social com a família e relatam casos de abandono emocional
20/09/2019 08h40
Por: Deyvid Santos
TRÊS LAGOAS (MS) – Um bilhete encontrado por uma funcionária da limpeza de uma escola estadual em Três Lagoas (MS) deixou toda a sociedade em alerta durante esta semana, com a informação de que um atentado estaria na iminência de acontecer. Em uma coletiva de imprensa realizada na tarde da última quinta-feira (19), o Delegado de Polícia Gabriel Salles e o Comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar Ênio de Souza Soares esclareceram que tudo não passou de uma brincadeira e que os adolescentes que escreveram o bilhete apenas queriam chamar atenção.
O bilhete foi encontrado na última sexta-feira (13) e trazia informações de que nesta sexta-feira (20) haveria um atentado na escola com o objetivo de matar 36 pessoas. Os responsáveis pela unidade educacional conseguiram identificar os autores do bilhete como dois alunos, um de 13 e outro de 12 anos, e acionaram a Polícia Militar na última segunda-feira (16).
O Delegado Gabriel Salles informou que os adolescentes foram encaminhados pelo Conselho Tutelar para assistência psicológica, assim como a família deles. Segundo o delegado, eles também serão encaminhados para a assistência de saúde mental, que também abrange casos de automutilação e suicídio.
“A sociedade de três lagoas pode ficar tranquila, porque esse caso já está resolvido. As investigações apontam que não há nada que esses adolescentes poderiam fazer para alcançar o objetivo de realizar esse ataque. Eles não possuem potencial para isso, não é isso que eles queriam, era apenas uma brincadeira, queriam chamar atenção”, esclareceu o Tenente-Coronel Ênio de Souza Soares.
Em contato com a unidade escolar, a reportagem da Rádio Caçula foi informada que as aulas acontecem normalmente na manhã desta sexta-feira. Apenas alguns pais mais temerosos não enviaram seus filhos para a aula.
MOTIVAÇÃO
As investigações realizadas pela Polícia Civil concluíram que o motivo principal da escrita do bilhete foi chamar a atenção da família. Ambos os adolescente passam por situação de vulnerabilidade social com a família e relatam casos de abandono emocional.
IMPRENSA
Um dos pontos que foi bastante abordado pelas autoridades durante a coletiva, foi a questão do papel da imprensa na divulgação das informações sobre o caso. Segundo Salles, constou em vários veículos de comunicação que os adolescentes teriam confirmado que fariam esse atentado, mas não foi isso que eles disseram na delegacia.
“A nossa preocupação era preservar essas crianças e as famílias. E também para que não criasse justamente isso que aconteceu, esse alarde desnecessário, essa preocupação dos outros pais em levar ou não os filhos para escola. Então está desmistificada essa situação. Não é motivo nenhum para pai nenhum não levar seus filhos até a escola”, disse o comandante do 2ºBPM.
O que foi apurado até o momento, nas palavras do Delgado de Polícia, é que os adolescentes não tinham o poder de realizar o atentado na data de hoje (20). “Não vai ocorrer esse atentado partindo destes adolescentes”, disse.
Também foi amplamente divulgado nos meios de comunicação que um dos adolescentes possuía uma arma de fogo e que inclusive teria fotos com a mesma. Segundo as investigações o que existiu, na verdade, foi uma foto dele com uma arma de pressão, antiga, que pertencia ao patrão de seu pai. O adolescente teria tirado a foto e guardado em seu celular. “A princípio ele não possui arma de fogo, aquela foto não era uma foto de arma de fogo”, disse o delegado.
Para o Tenente-coronel Ênio, a notícia saiu tardia, uma vez que a polícia tomou ciência dos fatos na segunda-feira e apenas na quarta-feira as informações foram veiculadas nos sites de notícia.
As informações desencontradas e imprecisas sobre o caso teriam ocasionado o grande alarde na sociedade três-lagoense. “As pessoas não queriam mais enviar as crianças para a escola e isso não pode ser levado a ferro, porque não é a realidade dos fatos”, esclareceu o comandante do 2ºBPM.
PROVIDÊNCIAS
Tanto os adolescentes, quanto os familiares irão passar por acompanhamento psicológico e social para que se possa entender o que de fato acontece no âmbito familiar. Entretanto, não deverão responder criminalmente pelo fato.
A escola informou que fez o remanejamento dos alunos.
