A inadimplência atingiu 67,54 milhões de consumidores no País. Dessa forma, quatro em cada dez brasileiros adultos (40,91%) estavam negativados em setembro deste ano. Os dados fazem parte do Indicador de Inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Em comparação com setembro de 2023, o percentual de inadimplentes do Brasil teve queda de 0,32% em setembro de 2024. Na passagem de agosto para setembro, o número de devedores cresceu 0,47%.
A partir dos dados disponíveis em sua base, que abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil registram que a variação anual observada em setembro deste ano ficou acima da observada no mês anterior.
Foco no pagamento dos serviços essenciais
O presidente da CNDL, José César da Costa, diz que o crescimento das dívidas no setor bancário, em contraste com a redução em setores como água e luz, comércio e comunicação, sugere que as famílias estão priorizando o pagamento de serviços essenciais, mas têm dificuldades para lidar com dívidas bancárias mais caras.
“Situação pode resultar em uma recuperação econômica lenta, especialmente se as condições de crédito permanecerem rígidas e a inflação continuar impactando a renda das famílias. Para uma recuperação sustentável, é crucial fortalecer a educação financeira, promover políticas de crédito mais acessíveis e investir em medidas que ampliem a capacidade de pagamento dos consumidores”, observa.
A queda do indicador anual se concentrou na diminuição de inclusões de devedores com tempo de inadimplência até 90 dias (11,95%). O número de devedores com participação mais expressiva em setembro está na faixa etária de 30 anos a 39 anos (23,70%). De acordo com a estimativa, são 16,69 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa, ou seja, metade (49,11%) dos brasileiros desse grupo etário estão negativados. A participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo 51,19% mulheres e 48,81% homens.
Em setembro de 2024, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.386,62 na soma de todas as dívidas. Além disso, cada inadimplente devia, em média, para 2,11 empresas credoras, considerando todas essas dívidas.
Valores em atraso
Os dados ainda mostram que quase três em cada dez consumidores (31,06%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 44,98% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Abrindo a evolução do número de dívidas por setor credor, destacou-se a evolução das dívidas com o setor de bancos com crescimento de 2,17%. Em outra direção, as dívidas com o setor credor de água e luz (11,24%), comércio (6,06%) e comunicação (5,27%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
“Em média os consumidores inadimplentes têm dívidas com mais de duas empresas credoras, o que mostra o impacto de um sistema de crédito acessível, porém caro e com juros elevados”, observa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
Ele ressalta que a concentração das dívidas no setor bancário sugere que os consumidores tenham cautela na hora de pegar crédito, já que eles recorrem principalmente a empréstimos pessoais e cartões de crédito. “Este é um tipo de endividamento que possui juros elevados, o que amplia a dificuldade de regularizar as pendências. Esta situação também reflete a alta dependência dos brasileiros em relação ao crédito bancário para manter seu consumo e enfrentar despesas imprevistas”, diz.
Diário do Comércio