22/04/2014 – Atualizado em 22/04/2014
A obra da Petrobras para a partir de hoje; Locação dos maquinários para o empreendimento não é paga desde novembro do ano passado
Por:Correio do Estado
Não bastasse o recente escândalo
instigado por suspeita de
compra superfaturada de uma
refinaria negociada nos Estados
Unidos da América, o comando
da Petrobras tem, atualmente,
outro embaraço para
resolver: ao menos dez companhias
que locam maquinários
pesados para o consórcio que
constrói a unidade de fertilizantes
nitrogenados III, a UFN
III, em Três Lagoas, resolveram
parar por falta de pagamento.
Confirmado isso, cai a previsão
indicando que, até dezembro
deste ano, a fábrica começaria
a produzir ureia granulada
na usina erguida em solo
sul-mato-grossense.
O empresário Sérgio Fenelon,
um dos diretores da Associação
de Empresas Locadoras
de Equipamento Pesado
de Mato Grosso do Sul (Alep-
MS), disse que a maquinaria
das dez empresas que suspendem hoje as atividades representa
entre 80% e 90% dos
equipamentos instalados na
obra, como caminhões basculantes,
pipas, geradores de
energia e guindastes.
Sem os equipamentos, os
7,5 mil trabalhadores que tocam
a obra não teriam o que
fazer, segundo estimativa do
integrante da Alep.
Fenelon sustenta que o consórcio
não paga pela prestação
de serviço desde novembro
passado, demora que
acumulou uma dívida de R$
8 milhões com as empresas
locadoras.
A fábrica de fertilizantes da
Petrobras é construída pelas
empreiteiras Galvão Engenharia
S/A e Sinopec [empreendimento
chinês]. As
duas empreiteiras formaram
o consórcio, que efetua o pagamento
dos trabalhadores e
das locadoras do maquinário
pesado.
Sérgio Fenelon acha que o
atraso nos pagamentos tem
sido provocado pelas empreiteiras.
“Eu desacredito 100%
que a Petrobras não esteja pagando
[o consórcio] em dia.
E, se isso estiver acontecendo,
tem sido omissa em relação
aos atrasos”, é o que pensa o
empresário, que presta serviço
na construção da fábrica
desde o início, em 2012.
Ele afirmou que as mensalidades
pela prestação do serviço
de locação não têm sidopagas agora e que “isso nunca
tinha acontecido”.
A reportagem tentou conversar
com representantes do
consórcio e a assessoria de imprensa
da Petrobras, mas os escritórios
em que se poderiam
obter as informações acerca da
questão não funcionaram ontem,
feriado nacional.
Sem o repasse, alguns locadores
de maquinaria enfrentam
sérios problemas de
finanças. “Conheço um deles
que, sem pagamento, teve de
hipotecar a própria casa para
quitar o empréstimo que havia
feito para comprar caminhõespipas”,
disse Fenelon.
O empresário informou,
também, ter ficado sabendo
que o consórcio prepara um
plano de demissão que deve
afetar o emprego de 1,6 mil dos
7,5 mil trabalhadores que atuam
na obra.
Não é a primeira vez que a
obra em Três Lagoas para. Em
julho passado, os trabalhadores
cruzaram os braços por
melhorias. Nos manifestos,
queiram, inclusive, dois
ônibus e parte do alojamento
que abrigava os trabalhadores.
Pelo projeto de construção
da fábrica de fertilizantes, a
Petrobras aplica na obra em
torno de R$ 3,5 milhões. A
expectativa é que a UFN-III
produza, anualmente, 1,21
milhão de tonelada de ureia
granulada, demanda que
atenderá os produtores do
centro-sul do Brasil.