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O juiz mais ameaçado do país, diz que o Brasil tem que parar de tratar bandido com “perfume francês”

25/04/2017 12h26

O juiz mais ameaçado do país, diz que o Brasil tem que parar de tratar bandido com “perfume francês”

Com 68 anos e cotado para se candidatar a um cargo político na esfera federal, o juiz Odilon de Oliveira esteve na Rádio Caçula nesta terça

Por: Rayani Santa Cruz

Com 68 anos, o Juiz Odilon de Oliveira, ou Doutor Odilon como todos o conhecem, é um dos mais temidos juízes brasileiros que trabalham no combate ao narcotráfico. Sua trajetória profissional coleciona condenações dos mais influentes traficantes de drogas com atuação na fronteira do Brasil com o Paraguai e a Bolívia.

Ele mandou prender o carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. E o paranaense Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, considerado pela Polícia Federal o maior narcotraficante internacional do país.

Até uma película foi produzida inspirada na história de Odilon, o filme “Em nome da Lei”, teve grande repercussão e recebeu boas críticas abordando alguns momentos da vida dele de maneira fictícia.

Odilon, ficou conhecido pela atuação sem medo envolvendo o crime organizado. Além disso, é titular da única vara especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro de Mato Grosso do Sul.

O juiz federal esteve no programa Linha Direta com a Notícia desta terça-feira (25), junto ao seu filho Odilon de Oliveira Júnior que atualmente exerce o cargo de vereador em Campo Grande.

Vida Política

Odilon Junior disse que tem convicção de que os seus eleitores votaram pela tradição da família, ele quer honrar aos votos, fiscalizando em favor dos campo-grandenses. Ele ainda afirmou que é natural um político almejar crescer e legislar em favor da população.

A vida familiar e vida social fica aniquilada disse Odilon, que teve a ressalva do filho ao seu lado, que disse, que a família o apoiaria da mesma forma, se voltassem ao passado.

“O Brasil tem que parar de tratar esses bandidos com perfume frânces, o Brasil tem que exterminar esses animais” afirmou Odilon de Oliveira. Para ele falta uma postura enérgica da parte brasileira, um contrabando por exemplo afeta o mercado de trabalho, a industria, sendo um crime transnacional.

Em conversa, o doutor, afirmou que o remédio não está no estado do Rio de Janeiro, está na fronteira onde entra as armas pesadas e a maior parte da droga no país. “A união federal não delega as fronteiras, dando o cargo para o Estado que não tem condições de aumentar o policiamento nas fronteiras, atualmente apenas 13% da Polícia Federal está trabalhando efetivamente nos pontos considerados estratégicos das fronteiras” explicou.

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Odilon pode entrar na carreira política, ele não descartou essa possibilidade e as cogitações estão entre os cargos federais, como deputado ou senador.

Este ano saiu uma pesquisa em um jornal, cujo o nome do juiz aparecia entre os mais cotados para o cargo de senador federal

Risco de perder a escolta

No final de fevereiro, Odilon anunciou no Facebook que vai se aposentar, ele disse que a missão foi cumprida na atuando na justiça na área penal, e em termos de realização na sociedade ele disse que ainda tem muito o que fazer.

Com a aposentadoria, o juiz corre o risco de perder a proteção após 18 anos, segundo ele no caso de parar os serviços e “descansar”, existe a perda da segurança no outro dia. A portaria do Ministério da Justiça que trata da segurança de autoridades, de 8 de janeiro de 2001, não menciona casos de aposentadoria. Até o momento o magistrado afirmou que não tem uma definição sobre esse caso.

Questionado se continuará no Brasil caso perca a segurança, o doutor Odilon afirmou: “Eu não vou conviver aqui no Brasil, se não me oferecerem segurança, eu não tenho condições de andar na rua sozinho, então caso isso ocorra eu pretendo deixar o país”.

Prisões de bandidos e bens confiscados

Desde que pediu proteção à Justiça Federal, em junho de 1998, Odilon convive com segurança 24h e deixa de fazer diversas coisas comuns do dia-a-dia. Ele e a família vivem com cuidados estrategicamente preparados para preservar a integridade do mesmo.

O plano de prender os narcotraficantes e esvaziar suas contas bancárias os deixavam bem irritados e isso punha fim na organização criminosa ou pelo menos causava um grande estrago, já que depois esses bens bloqueados eram leiloados e o dinheiro era revertido para união.

Foram centenas de criminosos presos, mais de mil anos de condenações e mais de R$ 2 bilhões de reais confiscados das quadrilhas.

Odilon de Oliveira, disse que a situação de risco e o desejo de vingança não caduca nunca, lembrando que a atuação patrimonial era o que mais doía nas grandes organizações. E por este motivo até os dias de hoje, o magistrado recebe ameaças de bandidos.

Atentados

Já esteve na iminência da morte em pelo menos dois atentados. O mais grave ocorreu em 2005. Num hotel do Exército em Ponta Porã, por exemplo.

Por três meses dormiu no próprio Fórum, que se tornou uma espécie de bunker para acomodá-lo. Num colchonete no chão iluminado por um abajur, passava madrugadas estudando as ações e tomando uísque.

Diante de tantas notícias de ameaças, Odilon já acabou sendo dado como morto. Em 2006, recebeu um convite para participar de uma solenidade no Espírito Santo. Só no decorrer do evento percebeu o equívoco. Todos os homenageados haviam morrido no exercício de sua profissão…conte pra nós essa história.

Família e espiritualidade

Para ele a família é a base de tudo, o tráfico de drogas tem os desdobramentos que atingem a sociedade, afetam a economia, a segurança pública e também a saúde.

Em relação a espiritualidade, “as pessoas andam muitos angustiadas e violentas e eu compreendo isso como um distanciamento de Deus, e quem não tem um alicerce na edificação da vida, não exerce o perdão e o arrependimento” disse.

Odilon de Oliveira nasceu em Exu (PE). A família dele mudou-se para o Mato Grosso, fugindo da Seca, em 1953. Trabalhou, assim como os pais, como lavrador até os 17 anos. Alfabetizado em casa, formou-se em Direito aos 29 anos. Antes de atuar na Justiça Federal, foi procurador federal e promotor de justiça. Entrou na Justiça Federal em 1987.


Fábio Campos diretor comercial da Rádio Caçula, Juiz Federal Odilon de Oliveira, Romeu de Campos Júnior diretor da Rádio Caçula e o vereador Odilon de Oliveira Júnior.

Na ocasião o juiz federal ainda assinou um certificado de trabalhos prestados pelo saudoso senhor Romeu de Campos, no combate as drogas na cidade de Três Lagoas. Isso foi feito a pedido de Romeu de Campos Jr.

https://youtube.com/watch?v=mT3fkod4bLQ

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