26 C
Três Lagoas
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Haitianos participam do Programa Brasil Alfabetizado em Três Lagoas

Em 6 meses, haitiano escreve carta para o pai relembrando a saudade da família, contando as experiências no Brasil e prometendo voltar para o país de origem.

19/10/2018 11h25
Por: Gabriele Benati

Um grupo de haitianos de Três Lagoas participa desde o início do ano, junto com outros alunos três-lagoenses, do Programa Nacional de Alfabetização “Brasil Alfabetizado”, liderado pela professora, Fátima Moreira da Silva, de 49 anos. O programa conta com o apoio da Prefeitura Municipal e Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC).

Os encontros, realizados semanalmente no período noturno, na Escola Municipal “Joaquim Marques de Souza”, já coleciona inspiradoras histórias de superação como a do sociólogo haitiano Herode Azemar, 28, que com seis meses de curso, dos oito do programa, já fala, lê e escreve o nosso idioma.

“É muito inspirador ver os alunos que não sabiam nem escrever o nome lendo frases inteiras e principalmente não sendo mais dependentes para irem ao banco ou ao supermercado. O Azemar chamou ainda mais a atenção, pois chegou em Três Lagoas três dias antes do curso iniciar e hoje já se comunica muito bem com o nosso idioma”, disse Fátima.

“Muitos trabalham em dois empregos e ainda vem para a escola, das 19h às 22h, para aprenderem a se comunicar. É emocionante ver o progresso de todos que, se não fosse por sua garra e determinação, não estariam colhendo os frutos que estão hoje”, contou a professora que se formou em 1995 e decidiu dar aula esse ano vendo a situação constrangedora de uma das alunas e amiga haitiana Judete Chevalier, 34 anos, no hospital.

INÍCIO DO PROGRAMA

Após fazer o curso em Campo Grande Fátima iniciou o programa convidando a amiga para participar e convidar outros haitianos que quisessem participar das aulas. Muito querida, os alunos elogiaram a professora como sendo muito paciente e amiga.

“Se não fosse ela eu não conseguiria falar e escrever português. Eu não sabia nada e era muito ruim”, disse a haitiana Gita Sylvain, 30 anos. “Vim para cá depois do meu marido e quando ainda estava na República Dominicana ele sempre tentava falar comigo em português e eu não entendia nada. Hoje já conseguimos conversar bastante em português e com as aulas fiquei até animada a ensinar idiomas para outras pessoas e ser enfermeira ou médica já que gosto muito de ajudar minhas amigas”, disse Jeimy Elizabete Peréz, 27 anos.

PROGRAMA

O MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade.

Com a ajuda de voluntários, Fátima ensina matemática e português aos haitianos, em especial, com dinâmicas do dia a dia como fazer compras na feira ou supermercado; simulando uma consulta médica ou entrevista de emprego.

radioCacula/interna/m_middle_336x280_3

Em uma das atividades em sala de aula, para identificar a diferença entre as palavras “pais” e “país”, Azemar emocionou a todos ao escrever uma carta para seu pai contando a vida no Brasil, relembrando a saudade de todos e o orgulho que tem de sua família. O haitiano termina a carta prometendo voltar para seu país de origem assim que tiver condições financeiras para realizar o sonho de montar seu próprio negócio.

“Eu estou aqui no Brasil mas acho que minha alma ficou aí no Haiti com você porque eu nunca te esqueci. Você é meu herói, um pai formidável. Quando eu tiver um filho eu lhe darei o seu nome como um sinal de gratidão e agradecimento”, diz parte da carta.

Emocionado, Azemar agradeceu pelos ensinamentos da professora Fátima e disse esperar que outros haitianos possam conhecê-la para que sejam ensinados como ele foi. “Se outros haitianos da Cidade estiverem com dificuldades, procurem a nossa professora Fátima que é muito atenciosa com todos”, finalizou.

Fátima deixa uma mensagem às professoras que se aposentaram e acreditam que não podem mais praticar a profissão. “É muito gratificante melhorar a vida de alguém. A educação tira uma pessoa da escuridão e tem muitas pessoas precisando de um professor para serem independentes e realizarem o sonho de conseguirem ir ao supermercado ou lerem a bíblia sozinhos”, disse.

Informações Assessoria de Imprensa

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

Primeiro “Baile da UMI” será realizado neste sábado (20) no 3R Pub

Valdenir Gonzaga, o "Caju", presidente do Unidos da Melhor Idade esteve com a radialista Toninha Campos, onde contou sobre o evento, que já está com quase todos os ingressos vendidos.

Colisão entre motos deixa duas pessoas feridas no Parque São Carlos

Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada no local, onde conduziu às vítimas até a unidade de saúde.

Traficante de 18 anos é preso pela Força Tática durante patrulhamento pelo São Jorge

Suspeito foi encontrado em um ponto, frequentado por usuários no momento em que realizava a venda de porção de crack à uma pessoa.