29/06/2017 09h04
Polícia Civil acredita que detida queria ficar com o bebê da vítima, já que havia perdido o próprio neném há cerca de dois meses. Família da gestante pede por justiça
Por: G1
A esteticista Suelen Coimbra do Carmo, de 27 anos, confessou à Polícia Civil que dopou a grávida Naiara Silva Costa, de 22 anos, antes de matá-la e fazer um parto forçado, em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. Segundo a delegada responsável pelo caso, Azuen Magda Carvalho, a presa queria ficar com o bebê e, após tirá-lo da barriga da mãe, tentou reanimá-lo, mas ele não resistiu.
Azuen afirmou, em entrevista à TV Anhanguera, que recebeu ligações, nesta quarta-feira (28), de gestantes que denunciaram terem sido procuradas por Suelen. “Ela estava buscando pessoas grávidas, ela queria um bebê a qualquer custo. A Naiara foi uma vítima em potencial, uma pessoa frágil que ela conseguiu seduzir”, afirmou.
Até a publicação desta reportagem, o G1 não havia conseguido informações a respeito da defesa de Suelen.
O crime ocorreu na segunda-feira (26). Naiara, que estava no 8º mês de gestação, foi achada morta e enterrada no quintal da esteticista no dia seguinte. Já o bebê foi encontrado enrolado em panos dentro de uma bacia sobre uma cama da casa. A presa confessou ter atraído a vítima até sua casa com o pretexto de lhe dar roupas e berço para a criança que iria nascer, já que a própria Suelen havia feito um enxoval enquanto estava grávida, mas havia perdido o bebê há cerca de dois meses.
A presa fez promessas de doar o material à vítima por meio de áudio. Ela disse: “A reunião de amanhã garante. Você já vai buscar o enxoval. Na hora de voltar eu levo você junto com o enxoval. Não te dou certeza de conseguir carrinho, agora berço, as roupas do neném, sim”.
Na data do encontro, Naiara recebeu a esteticista em sua casa e ambas foram para a casa dela. A vítima chegou a avisar o marido onde estava indo, também por meio de áudio. “A menina [Suelen] disse que a reunião era para ser amanhã, mas foi marcada para hoje, para poder receber o enxoval. Ela vem me buscar para eu poder ir mais ela”, disse.
Depoimento e investigação
A delegada ressalta que Suelen deu à Naiara o nome falso de Amanda quando se conheceram por meio de um grupo na internet que ajuda grávidas carentes. Durante depoimento à Polícia Civil, a detida chegou a dizer que a própria vítima dizia não querer ficar com o bebê, mas a corporação não acredita nesta narrativa.
“A Suelen chegou a dizer que avítima se comprometeu a dar o bebê a ela e queria fazer o parto na casa dela. Na versão da autora, quando estavam na casa em Nerópolis, a vítima ficou nervosa porque o marido estaria ligando para ela e não sabia dessa suposta intenção de não ficar com o bebê e, por isso, pediu um remédio para se acalmar, que foi quando Suelen a dopou”, disse.
Azuen pontua ainda que, conforme a perícia, o corte feito na barriga da vítima foi feito com bisturi e de forma muito precisa. Além disso, não foram encontradas marcas de corda no pescoço de Naiara, material que teria sido usado para enforcá-la segundo a própria presa.
“Nós trabalhamos com a possibilidade de a autora ter recebido ajuda de outra pessoa por causa do corte, do estrangulamento e até porque não há marcas de que o corpo tenha sido arrastado e é difícil que ela tenha conseguido carregar a vítima sozinha até o quintal”, pontuou.