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Meu filho está no Ensino Médio e quer abandonar a escola. Como reaproximá-lo dos estudos?

27/09/2016 – Atualizado em 27/09/2016

Meu filho está no Ensino Médio e quer abandonar a escola. Como posso reaproximá-lo dos estudos?

O cuidado com a vida escolar dos filhos deve ter início bem antes de um extremo caso de abandono escolar.

Por: O Globo

Essa é, infelizmente, uma realidade comum no Brasil, onde apenas 4 em cada 10 jovens dos 25% mais pobres concluíram o Ensino Médio, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014. Reaproximar da escola os estudantes apáticos evitando que eles abandonem os estudos é, portanto, fundamental. Mas essa não é uma tarefa simples.

A lista de motivos que podem levar um jovem a deixar a Educação de lado é grande: conflito com outros estudantes ou funcionários, problemas na aprendizagem, repetência de ano letivo, jornada dupla entre escola-trabalho, má infraestrutura escolar, dificuldades na vida pessoal como maternidade e paternidade precoce, mau relacionamento com os pais, para citar apenas alguns.

Por diferentes razões, portanto, o adolescente deixa de ver significado na escola, a ponto de achar que frequentá-la é perda de tempo. Sendo esse um quadro sistêmico, isto é, que se repete por todo Brasil, reverter esse cenário passa pela família e pela escola, mas, sobretudo, pelo sistema escolar. É urgente estancar o abandono e a evasão escolar dos adolescentes brasileiros, cujo potencial é desperdiçado em subempregos. E se de um lado os pais podem ajudar nessa empreitada reforçando a importância estratégica da Educação na vida dos filhos, do outro, o Ensino Médio precisa se tornar mais atraente, mais próximo das expectativas desses jovens. E não apenas no Brasil, como em toda América Latina, onde cerca de 15,6 milhões não frequentam a escola, de acordo com a Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) que, neste ano, lançou uma campanha para combater esse quadro.

Desse modo, a transformação dessa etapa é um esforço conjunto, cuja essência é a crença de que a Educação é o caminho para mudar o rumo de milhares de vidas e do País. Esse foi o sentimento que impactou os presentes durante o Ato pela Educação, que ocorreu em 21 de setembro, no Congresso Nacional, durante um dos discursos mais emocionantes daquela tarde, o de Tábata Amaral de Pontes.

Tábata nasceu e cresceu na periferia de São Paulo e chegou a uma das mais prestigiosas universidades do mundo, a Harvard University, nos Estados Unidos. O irmão ela, no entanto, apesar de ser esforçado, não conseguiu entrar em uma universidade pública; a diferença é que Tábata, por meio de uma bolsa, cursou o Ensino Médio em uma escola privada de alta qualidade, enquanto o irmão se formou em uma escola pública que não consegue atingir bons resultados. Esse paradoxo dos irmãos Amaral foi a base do discurso da astrônoma e cientista política sobre a importância de garantir oportunidades iguais a todos os brasileiros.

A crítica ao sistema também foi representada no Manifesto pela Educação lido durante o ato por estudantes da rede pública da periferia de Ceilândia (DF) em conjunto com os MC’s pela Educação LeMaestro, Tuxa e Vinie, do Instituto Gerando Falcões. Em uníssono, representando toda população escolar do Brasil, os jovens verbalizaram o desejo de uma educação de qualidade que garanta a todos os jovens brasileiros os mesmos direitos e oportunidades.

Quando um aluno fracassa na escola (seja pública ou privada), muitos pais imaginam que a culpa é do filho – indiferente, desligado, burro. Porém, inúmeras pesquisas sobre desenvolvimento humano revelam o potencial de aprendizagem e criatividade dos jovens. Se, por acaso, essa perspectiva não se confirma, o que ocorre é que faltam condições adequadas ao aprendizado.

O cuidado com a vida escolar dos filhos deve ter início bem antes de um extremo caso de abandono escolar. Mesmo os jovens que não desistiram da escola estão desanimados e frequentam a escola sem, contudo, enxergar nela significado. Cerca de 17% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no Ensino Fundamental, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aqueles que estão no Ensino Médio, as taxas de aprendizagem adequada são desanimadoras: apenas 1 em 10 alunos têm conhecimento adequado em matemática no final do Ensino Médio.

Lutar contra essa realidade desalentadora passa por diferentes esferas. No dia 23 de setembro, o governo federal rescendeu o debate sobre a má qualidade do Ensino Médio com a publicação da Medida Provisória 746 que estabelece a reformulação da etapa. Embora o caminho escolhido tenha sido equivocado – o ideal é que uma reforma fosse feita por meio do Projeto de Lei 6840/2013 que trata sobre o assunto -, propor a flexibilização da última etapa da Educação Básica pode ser um bom mecanismo para aproximar a escola das expectativas dos adolescentes. Mas nada disso ocorrerá sem aumento e melhor gerência dos investimentos.

Os pais, junto a toda sociedade, devem cobrar dos governantes mais investimento na Educação Pública, bem como a melhoria da infraestrutura e a valorização dos professores. Além disso, no âmbito familiar, os familiares têm de mostrar ao adolescente que a Educação pode colocá-lo mais próximo da realização pessoal, que ela faz parte da formação integral do indivíduo e expande os horizontes.

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Tudo isso requer que os parentes estejam atentos às transformações comportamentais dos adolescentes – aceitação, mudanças hormonais – e à adaptação no ambiente escolar, procurando sempre elogiar, os avanços dos estudantes. Quando escola e família trabalham juntas colocando os adolescentes e os jovens no centro da aprendizagem, a educação deixa de ser uma obrigação para ser um caminho de descobertas. E quando um jovem descobre seu talento, toda sociedade ganha.

Foto: Divulgação

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