25/10/2016 – Atualizado em 25/10/2016
Mulher foi condenada a mais de 15 anos por tráfico de drogas em MS. Padre da Pastoral da Criança levou carta a Vaticano e emocionou Papa.
Por: Marcio Ribeiro com G1
A detenta Lara Bruna Aparecida escreveu uma carta ao Papa Francisco para conseguir o perdão de Deus e ficar perto dos filhos. A defesa dela entrou com pedido para substituir a pena de 15 anos e 8 meses por domiciliar por causa do bebê de 8 meses e de uma criança de 12 anos que tem necessidades especiais.
“Oi papa, eu peço sua bênção e venho através dessa carta pedir meu perdão. Perdão pelo que eu fiz e por mais que eu não estava com o que eu vim presa. Eu quero seu perdão e para não deixar meu filho ir para um abrigo. Porque eu ia estar desmamando ele né, porque ele estava sendo tirado de mim, ele nunca tinha visto o mundo ainda. Não conhecia o mundo ainda, lá fora, só aqui dentro”, escreveu na carta.
Segundo o padre Hernani Pereira, o Papa ficou emocionado com as palavras de Lara que foi condenada por tráfico de drogas, com reincidência. O sacerdote pediu para a detenta escrever a carta depois de ver o desespero dela com a partida do filho caçula.
O padre foi para Itália e conseguiu ficar frente a frente com o Papa Francisco, sem ao menos, ter marcado uma agenda.
“Tinha um corredor longo e, de repente, quem abre a porta e vem ao nosso encontro? O próprio papa. Então, fiquei muito emocionado. Disse, bem, agora vou ter a oportunidade de falar para ele desta carta, não tinha nada programado. Contei a história, traduzi a carta dela do português para o italiano, o papa se comoveu e tirou um terço do bolso, me entregou. Pediu que eu cuidasse dela, cuidasse da criança e pudesse dizer para ela que ela tivesse esperança. Porque Deus amava ela, a criança, que não importava o que ela tinha feito, mas se ela se arrependesse, tudo mudaria”, contou o Pereira.
A carta teve repercussão internacional e foi destaque na página de um jornal católico distribuído na Itália. “A carta da Lara não só atravessou as grades dessa prisão, mas foi além do oceano, chegou às mãos de um homem que ama, que reza e ele dizia: fala para ela que eu vou rezar sempre por ela e por todas as detentas”, disse o padre.
A fé e o poder da palavra se mostraram sem limites para transformar Lara e as outras detentas. “Vou recomeçar com mais fé, com mais esperança e amor. O que a gente mais precisa é ter amor, na vida você tendo amor é o que mais importa. Fiquei mais tranquila, mais aliviada e quando eu sair daqui vou sair de cabeça erguida, sem dever nada para ninguém”, disse Lara.
Pena
Lara cumpre a pena no presídio feminino Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande, e a defesa entrou com pedido para substituir por prisão domiciliar por causa do filho de 8 meses que nasceu prematuro e do mais velho de 12 anos que tem necessidades especiais e é assistido pela Apae.
O relator do processo, desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, entendeu que não se tratou de prisão preventiva, mas de cumprimento de execução definitiva e, por isso, não prevê a possibilidade de prisão domiciliar. Florence afirmou ainda que deve manter o senso de justiça e igualdade, além de considerar a gravidade do crime praticado pela condenada.
