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Presente de Páscoa: Família se reencontra depois de quase 30 anos

20/04/2014 – Atualizado em 20/04/2014

Por: Dourados News

Exatamente às 10h13, deste Sábado de Aleluia (19), terminou a saudade de uma família ao poderem se reencontrar quase 30 anos depois de perderem o contato.

A atmosfera do local era de emoção, mesmo antes da irmã desaparecida, Ana Lúcia, chegar de Campo Grande acompanhada da investigadora de polícia Maria Campos, que a localizou. Todos os 10 irmãos se reuniram junto aos pais, de 75 e 97 anos, para receber a irmã, chamada apenas de Lúcia por todos, que eles tinham a esperança de encontrar, mas muitas vezes acharam até que estaria morta.

A mãe, Ciriaca Oroba Aquino, de 75 anos, estava ansiosa e alegre para ver a filha, “faz quase 28 anos que não vejo minha filha, pensei até que ela tinha morrido. Pensava ‘será que algum dia poderei ver ela, abraçar e abençoar de novo?’. Agora eu sinto uma grande alegria, vou falar que faz tempo que eu não vi mais ela e agora graças a Deus que eu vi de novo enquanto estou viva (sic)”.

A saudade de Marisa Oroba Aquino, 53 anos, também era grande, pois fazia 33 anos que ela não via a irmã, “eu casei e fui embora para Bodoquena, com isso perdi o contato com minha irmã Lúcia. Ela casou e foi embora para Ponta Porã e de lá nós perdemos o contato. Depois ela esteve na casa da minha mãe, mas acho que minha mãe discutiu com o marido dela, então ela foi embora e nunca mais nos vimos. Agora o marido dela morreu, contudo durante este período não sabíamos onde ela morava, perdemos totalmente o contato”, lembra.

A última vez que Marisa viu Lúcia foi no seu aniversário de 20 anos. Antes de rever a irmã, Marisa não sabe explicar o que estava sentindo, “não sei, se passa muita coisa, ainda mais porque a gente era muito ligada, nós somos praticamente da mesma idade, até vestir a gente se vestia igual, quando a gente era criança as pessoas achavam que nós éramos gêmeas”.

Momento do reencontro

Às 10h13 para a viatura da polícia civil próximo a residência e Lúcia, que todos achavam que estava morta, surge. Os familiares – todos reunidos – se levantam e aguardam com ansiedade os passos da irmã até o portão.

O choro de emoção toma conta e os abraços são dados, também a reapresentação e o reconhecimento de cada irmão, tios, sobrinhos e agregados.

Ana Lúcia Oroba Aquino, 52 anos, disse que fazia 27 anos que não via a mãe e explicou que o afastamento não aconteceu por conta da briga, mas sim porque mudou-se e perdeu o contato.

“Tinha o sonho de reencontrar a família, falava para os meus filhos, ‘a última coisa que quero fazer na minha vida é reencontrar minha família’. Quando recebi o contato da inspetora assustei, cai no choro ao telefone. Tenho quatro filhos e eles estão felizes de eu encontrar meus parentes, querem vir conhecer os avós”, falou Ana Lúcia, constatando o grande aumento do número de parentes.

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Marisa que antes não sabia como descrever o que estava sentindo, agora, depois de rever a irmã, já tem uma opinião, “estou muito feliz, muito realizada. É muito bom reunir a família, porque geralmente se reúne quando alguém morre, mas graças a Deus ela está viva e os nossos pais também para poderem vê-la”.

A mãe Ciriaca disse estar se sentindo com muita alegria de ter a família reunida. O pai Pedro Paulo Aquino, de 97 anos, que não escuta muito bem e só fala em guarani demorou algum tempo para reconhecer a filha, mas no momento que reconheceu ficou emocionado e feliz.

A família Aquino com certeza se lembrará desta Páscoa de 2014 para sempre!

Promotora de reencontros

A inspetora da Polícia Civil de Campo Grande, Maria Campos, foi quem promoveu o reencontro da família. Desde 1998 ela localiza pessoas desaparecidas e já fez mais de 2 mil reencontros.

Neste caso, a inspetora disse houve uma matéria do reencontro que ela promoveu, então o filho de Marisa, Helton Aquino, entrou em contato e pediu que a tia fosse localizada, porque os avós estavam muito idosos e precisavam rever a filha antes que morressem.

“Eu comecei a investigação e consegui localizar a Ana Lúcia, mas eu não tinha pegado o nome de todos os irmãos dela, e ela disse, ‘só vou acreditar se você falar o nome de todos os meus irmãos’, depois que eu liguei para ela e disse o nome de todos os irmãos ela abriu a boca a chorar”, contou Maria Campos.

O reencontro seria feito no Programa “Encontro com a Fátima”, na Globo no Rio de Janeiro, mas não foi possível o transporte dos idosos.

“Cada caso é um caso, é uma emoção diferente, é muito gratificante se fazer isso. Eu faço isso há muito tempo e é muito bom você fazer uma família chorar de felicidade. Porque o povo enxerga da polícia só a ‘brabeza’, e a gente mostra o outro lado da polícia, que nós também ajudamos as pessoas”, relata.

A inspetora já promoveu encontros para o programa do Faustão, Fantástico e Profissão Repórter. Segundo ela a rede de procura por pessoas desaparecidas agora é nacional, pois o Mato Grosso do Sul virou referência nacional em localizar pessoas desaparecidas. Hoje a rede tem mais de 130 mil solicitações e tem mais de 40 mil localizados, contudo é difícil fazer os reencontros.

“É um trabalho voluntário que eu faço dentro da instituição, então tenho que correr atrás de passagem de ida e volta, estadia, deslocamento e alimentação, é uma responsabilidade muito grande locomover uma família”, finaliza.

Foto Divulgação

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