27/09/2014 – Atualizado em 27/09/2014

Polícia resgata menina de 2 anos mantida trancada e prende padrasto

Por: AtaNews

A Polícia Civil de Araçatuba resgatou uma menina de dois anos e meio após uma denúncia anônima de que ela estaria sendo torturada e mantida em cárcere privado pelo próprio padrasto, identificado pelas iniciais M.M.S., de 35 anos, que foi preso em flagrante.

Sob a proteção policial, a menina foi encaminhada para o IML (Instituto Médico Legal), onde foi submetida a exames que constataram queimaduras provenientes do possível uso de cola Super Bonder na genitália e em outras partes do corpo da criança. Não foi constatado abuso sexual.

OPERAÇÃO

Realizada pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), a ação ocorreu no final da tarde desta sexta-feira (26), no condomínio Habiana 2, na via de acesso ao aeroporto Dário Guarita, em Araçatuba.

Os investigadores, acompanhados de um delegado, encontraram a menina trancada em quarto no fundo da residência. Segundo os policiais, há fortes indícios de maus tratos contra a menina.

No local, uma colcha foi encontrada com marcas da mesma cola localizada nas partes íntimas da criança. Existe a suspeita de que ela tenha sido maldosamente colada sobre o tecido, como forma de ficar presa, em castigo.

A mãe da criança, que tem apenas 21 anos, também foi levada para o plantão policial de Araçatuba para prestar declarações sobre o caso. Ela nega ter conhecimento das atrocidades praticadas contra a própria filha.

No momento do resgate, o padrasto da menina, que seria de família de posses em Araçatuba, não foi encontrado na casa, mas os policiais conseguiram prendê-lo na portaria do condomínio.

PEDIU COLO

À reportagem do Ata News, o delegado que comandou a operação de resgate disse que o caso é extremamente grave e que o material apreendido comprova, entre outras ilegalidades, tortura psicológica contra a criança.

Segundo o delegado, chamou a atenção o fato de a menina, de apenas dois anos e meio, ter pedido colo a ele logo que adentou no cômodo da casa, onde a menina estava trancada. “Isso mostra que ela estava de alguma forma abalada, pois pediu acolhida a um desconhecido”, disse o delegado.

VÍDEOS

No decorrer da operação, policiais encontraram vídeos no celular do padrasto, que configuram a tortura psicológica contra a criança. Numa das gravações, o padrasto não deixa a criança dormir, mesmo ela aparentando estar com muito sono. Em outra, ele oferece bolacha, leva até a boca da menina mas não dá o alimento, que é comido por ele próprio. “As imagens são fortes e causam revolta”, comentou um policial.

No mesmo aparelho telefônico, os policiais encontraram imagens da criança nua, o que é considerado crime e abre brecha para uma investigação sobre possível prática de pedofilia.

MÓVEIS PLANEJADOS

Ainda de acordo com as informações policiais, o responsável pelas atrocidades com a criança é empresário do setor de marcernaria. Ele teria em Araçatuba uma empresa que trabalha com móveis planejados.

AMIGOS ILUSTRES

Pela página do acusado de torturar a própria enteada, no Facebook, é possível constatar que ele mantém, pelo menos na rede social, relacionamento com pessoas conhecidas e autoridades de Araçatuba e da região.

Aparecem em sua lista de amigos dois vereadores que atualmente exercem mandatos, a filha de um deputado, um secretário da atual administração municipal, uma pessoa apontada como suposta namorada de um figurão do governo municipal, pelo menos um jornalista de emissora nacional, um publicitário filho de dono de uma rede de supermercados, médicos e até a sobrinha de um delegado aposentado.

INQUÉRITO

O inquérito policial será conduzido pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Araçatuba. No decorrer do procedimento, a mãe da criança será intimada para prestar declarações sobre o caso.

A polícia vai querer saber se ela tinha conhecimento dos atos de tortura contra a filha, se a moça também era vítima ou se era conivente com a situação. Dependendo da apuração policial, a mãe da menina também poderá ser indiciada no inquérito.

REPERCUSSÃO

O caso chamou a atenção das autoridades, prova disso é que o próprio Delegado Seccional de Araçatuba, Nelson Barbosa Filho foi até o plantão policial e acompanhou o auto de prisão em flagrante.

“É um caso extremamente grave, ainda mais por envolver uma criança”, disse o delegado, que aproveitou para parabenizar a atuação dos policiais do GOE e do setor de inteligência da Delegacia Seccional.

“A ação foi rápida e eficaz, com o salvamento da criança e a prisão do acusado”, argumentou Nelson Barbosa.