17/04/2014 – Atualizado em 17/04/2014
Guido Palomba comenta o caso do menino Bernardo, e ressalta o perigo que psicopatas podem representar para a sociedade
Por: Band
O caso da morte de Bernardo Uglione Boldrini já atingiu repercussão nacional e, com ele, são levantadas especulações do que levou à morte o garoto de 11 anos, morador de Três Passos, no noroeste do estado gaúcho.
O pai Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e uma amiga do casal são os principais suspeitos pela morte de Bernardo, encontrado morto, nesta semana, em um rio a cerca de 80 quilômetros de distância da cidade onde morava, depois de estar desaparecido por dez dias.
Para o psiquiatra forense Guido Palomba, que atua na área há mais de 30 anos, existem dois tipos principais de personalidade envolvidos nesse crime, contando com a possibilidade de execução pelo próprio pai. “A primeira é quando não premedita. O assassino está em um quadro delirante, alucinatório. E, nesse estado psicótico, ele pega e acaba matando o próprio filho. Provavelmente, esse caso, se for o pai, se encaixará segundo o perfil, que são personalidades psicopáticas. Se a pessoa que tem a deformação no querer, no fazer e nos valores éticos e morais. São capazes de planejar até mesmo a morte do próprio filho com uma insensibilidade bastante exacerbada”.
No entanto, a participação de mais pessoas abre o leque para outras interpretações. “Existe aquilo que se chama contaminação psíquica. Existe um mentor, aquele que pensa, aquele que quer. Ele acaba contaminando a pessoa que está ligada a ele. Não é que a pessoa induzida tenha menos culpa do que o indutor. Ela participa igualmente. Apenas é preciso saber para que se compreenda a dinâmica do delito”, diz Palomba.
Para Guido Palomba, quando Bernardo recorreu ao Ministério Público teria, na verdade, pedido socorro de forma indireta. O psiquiatra também acredita que outras situações deveriam ser mais investigadas para uma melhor compreensão do caso. “Como, por exemplo, suicídio da mãe no consultório do pai. Por que essa criança foi buscar auxílio no Judiciário? Qual é a participação dessa terceira pessoa, a amiga da família, que trouxe à luz os acontecimentos? Neste caso específico, o perfil psicológico é um pouco mais ou menos como um quebra-cabeça”.
O pai, a madrasta e uma amiga dos dois foram presos preventivamente. Para a polícia, não há dúvidas do envolvimento dos três. O garoto teria morrido por meio de uma injeção letal.