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Bibi Ferreira, diva dos musicais brasileiros, morre aos 96 anos

Atriz, diretora, cantora, compositora e apresentadora morreu em seu apartamento, no Rio. Filha de Procópio Ferreira, artista brilhou por décadas no teatro e nas telas.

13/02/2019 14h21
Por: Mirela Coelho

A atriz e cantora Bibi Ferreira, diva dos musicais brasileiros, morreu nesta quarta-feira (13), aos 96 anos, no Rio. Também apresentadora, diretora e compositora, ela foi um dos maiores fenômenos artísticos do país.

Segundo Tina Ferreira, filha única de Bibi, a artista morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. A atriz acordou e pediu um copo d’água. A enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e, por isso, chamou um médico. Tina acredita que a mãe morreu dormindo.

Bibi deve ser cremada, mas ainda não há informações sobre velório e enterro.

Trajetória

Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922. Filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira (1989-1979), e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – estreou nos palcos com pouco mais de 20 dias de vida.

Em cena, ela apareceu no colo da madrinha, Abigail Maia, em encenação de “Manhãs de sol”, pela de de Oduvaldo Vianna (1892-1972).

Artista multimídia, Bibi ao longo da carreira fez filmes, apresentou programas de TV, gravou discos e dirigiu shows. Tudo sem nunca abandonar o teatro, uma grande paixão.

Também foi enredo da Viradouro no Carnaval do Rio em 2003. Recentemente, teve a vida e obra contadas no espetáculo “Bibi, uma vida em musical”, escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, com direção de Tadeu Aguiar. Na montagem, a protagonista foi interpretada por Amanda Costa.

Em março de 2018, já aos 95 anos, Bibi foi assistir a uma apresentação do musical, então em cartaz em um teatro no Rio e fez o público se emocionar ao chorar cantando uma música de Edith Piaf (1915-1963).

A própria Bibi interpretou a cantora francesa com maestria em um musical de enorme sucesso no Brasil e em Portugal. O trabalho minucioso foi considerado tão perfeito que mesmo pessoas que conheceram Piaf se espantaram com o nível de semelhança.

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Com o espetáculo, Bibi conquistou os principais prêmios do teatro nacional, como Molière, Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Governador do Estado e Pirandello. Foram apenas alguns dos muitos prêmios que colecionou ao longo das décadas de carreira.

TV

Em 1960, Bibi inaugurou a TV Excelsior com o programa ao vivo “Brasil 60”, que levou à TV os maiores nomes do teatro. A atração mudaria de nome nos anos seguintes (“Brasil 61”, depois “Brasil 62” e assim por diante).

Na mesma emissora, também apresentou o programa “Bibi sempre aos domingos”. Em 1968, estrelou o musical “Bibi ao vivo” – com direção de Eduardo Sidney, o programa era transmitido do auditório da Urca.

Musicais
Ainda na década de 1960, Bibi estrelaria outros dois dos musicais mais marcantes de sua carreira. O primeiro foi “Minha querida dama” (My fair lady), de Frederich Loewe e Alan Jay Lerner, adaptação de “Pigmaleão”, de George Bernard Shaw, ao lado de Paulo Autran e Jayme Costa.

O outro foi “Alô, Dolly!” (Hello, Dolly!), versão da obra “The matcmaker”, de Thornton Wilder, com Hilton Prado e Lísia Demoro.

Já na década de 1970, Bibi foi o principal nome de “O homem de La Mancha”, musical de Dale Wasserman dirigido por Flávio Rangel e com letras adaptadas para o português por Chico Buarque.

Marca no Canecão

A artista deixaria ainda seu nome marcado na casa de shows Canecão ao dirigir o espetáculo “Brasileiro, profissão esperança”, de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho, produção inspirada na obra do compositor Antonio Maria.

No início, um show em escala menor apresentado em boates e estrelado por Ítalo Rossi e Maria Bethânia, o musical foi reformulado, ampliado e, agora protagonizado por Paulo Gracindo e Clara Nunes, se transformou em um dos maiores sucessos da história do Canecão.

Em 1975, Bibi recebeu o Prêmio Molière pela interpretação da personagem Joana, de “Gota d’água”, de Paulo Pontes e Chico Buarque, montagem que ambientava a tragédia “Medeia”, de Eurípedes, em um morro carioca.

Amália

No início dos anos 2000, ela realizou mais um impressionante trabalho ao interpretar a fadista Amália Rodrigues no espetáculo “Bibi vive Amália”.

Em seguida, Bibi apresentou dois recitais, “Bibi in concert” e “Bibi in concert pop”, nos quais se apresentou acompanhada por orquestra e coral.

Vida reservada

Admirada pelo público e adorada e respeitada pelos colegas, Bibi sempre manteve uma rotina discreta, evitando a exposição de detalhes de sua vida pessoal – raras eram suas aparições em eventos sociais. Segundo amigos mais próximos, quando fora dos palcos, Bibi preferia passar o tempo em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. Em seus vários casamentos, teve apenas uma filha, Teresa Cristina.

Afastamento

“Nunca pensei em parar. Essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos a que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada! Bibi”.

Com essas palavras, atribuídas a Bibi Ferreira em comunicado publicado em rede social, a atriz e cantora carioca anunciou no dia 10 de setembro de 2018, que encerra uma das carreiras mais gloriosas construídas por uma artista no Brasil e no mundo.

Aos 96 anos, a artista se retirou voluntariamente de cena para preservar a saúde após três sucessivas internações. De acordo com o comunicado, Bibi disse que não iria mais se apresentar nos palcos como atriz e/ou cantora. Tampouco daria entrevistas, nem mesmo por e-mail, como vinha fazendo nos últimos tempos.

Informação do site G1

Bibi Ferreira durante entrevista com Roberto D'Avila — Foto: Tata Barreto/Globo

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