27/07/2017 13h54
Consultor da ONG mostrou detalhes de regras e legislação que protegem vítimas
Por: Valdecir Cremon
Orientar jornalistas sobre maneiras legais de publicação de reportagens com o envolvimento de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual e ampliar a divulgação do Programa Agentes do Bem, patrocinado pela empresa Fibria Celulose, foram os objetivos de um encontro realizado nesta quinta-feira (27), em hotel de Três Lagoas, com profissionais da imprensa da cidade.
O jornalista Adriano Guerra, consultor da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), deu palestra sobre o tema e abriu oportunidades de participação de repórteres, editores e jornalistas convidados pela Fibria e pela Childhood Brasil – uma sociedade civil de interesse público que atua na defesa dos direitos de crianças e adolescentes no país.
O tema central foi sobre maneiras com que a imprensa trata reportagens sobre abuso e exploração sexual, geralmente com foco no público e pouca observância das regras legais e dos reflexos de publicações.
“Não quer dizer que seja proibido divulgar notícias assim. O importante é saber como se fazer isso, seguindo as leis e cuidando para que uma criança ou adolescente, por exemplo, não seja ‘revitimizada’ com uma publicação ou veiculação de reportagem”, disse o consultor.
Adriano Guerra citou, também, a falta de preparo de funcionários de órgãos de segurança, assistência social e de saúde em casos assim. “Eu acho que esses setores precisam de qualificação sistemática para assegurar que esses profissionais possam lidar bem com situações de violência sexual. Por que, senão, ele vai acabar ‘revitimizando’ a criança ou adolescente”, disse.
“Outra dimensão é a falta de estrutura, porque se uma vítima de abuso chega, por exemplo, num Conselho Tutelar que não tenha o espaço físico adequado em que ele possa falar de forma reservada, certamente não vai contribuir com a solução de um problema. Vai complicar ainda mais”, acrescentou.
Para Eva Dengler, gerente de programas da Childhood, a palestra faz parte da “construção de movimento” que visa incluir a imprensa no combate à violência contra crianças e adolescentes. “Tivemos oportunidade de conversar com os jornalistas da cidade e, com essa palestra, a partir de agora, todas as notícias de violência sexual serão mais qualificadas”, disse.
POSITIVOA coordenadora de sustentabilidade da Fibria, Flávia Tayama, disse que houve avanços na conscientização de moradores sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes na cidade. “Nós temos quase 80 mil pessoas que participaram de oficinas [de debates] do Agentes do Bem, e isso representa mais da metade da população de Três Lagoas, e isto comprova o interesse e é um indicador muito positivo de mudança de comportamento”, apontou.